segunda-feira, 8 de março de 2010

Chapada dos Veadeiros (segunda – 12.10)

Este foi o dia que o grupo se dividiu. Somente eu e o Elvis ficaríamos mais um dia e noite na Chapada. Por isso, resolvemos que visitaríamos o Parque Nacional Chapada dos Veadeiros. Enquanto isso, o pessoal iria visitar outra cachoeira e, de lá, já ir embora. Depois do café da manhã e das despedidas, fomos para o Parque.
É possível ir a pé até a entrada do Parque Nacional, que possui duas trilhas – a dos Cânions e a dos Saltos. Escolhemos a primeira, apesar de, por ser período de cheia, um dos cânions não poder ser visitado por causa do perigo da correnteza e da quantidade de água. Esperamos alguns minutos até outros dois caras chegarem e, assim, dividirmos um guia – mais barato.
Nosso guia se chamava Zico. Começou explicando um pouco do lugar e falou a seguinte frase: ”Daqui não se tira a não ser fotos. Não se deixa a não ser pegadas. Não se leva a não ser lembranças” – amei!
A trilha começou. Conhecemos um buraco profundo de onde pedras valiosas eram extraídas muitos anos atrás, antes do parque ser protegido. E, na primeira hora de caminhada, tivemos duas surpresas: uma cobra-sem-cabeça e uma cobra-cipó no nosso caminho. Ainda bem que o guia – lembrando que é obrigatório! –, com o olhar treinado, avistou antes de todos e nos alertou. Para animar mais ainda, ele relatou a história de que há onças na região e, por isso, não pode demorar demais para voltar à sede, como uma vez aconteceu com um grupo guiado por ele – segundo seu relato, ele desconfiava no caminho de volta que havia uma onça por perto, mas para não amedrontar a todos, somente mandou andarem mais rápido e ficou por último na fila. Medo! Não vimos nenhuma – graças a Deus!
Durante o passeio conhecemos dois cânions – só conhecemos o Cânion II – e a cachoeira das Carioquinhas. Para chegar nesta última, era preciso descer um barranco muito íngreme e, para completar, nesta hora, o tempo tinha começado a fechar e a chuviscar, porém parou pouco depois. Resumindo: vale muitíssimo o passeio, são muito legais e lindos os lugares! Nas Carioquinhas não é possível chegar aonde a água cai mesmo, pois é muito forte e a correnteza é um pouquinho perigosa, mas há salva-vidas no lugar.
Elvis e eu tiramos várias fotos em umas pedras enormes que tem pelo lugar. Em um momento, ele resolveu que iria tirar foto do outro lado do rio, e foi atrás de uma passagem pelas pedras para o outro lado. Nesta hora, o guia estava com os outros rapazes em outra parte do rio, onde se refrescavam. Essa criatura, louca, me resolve ir lá do outro lado, me some de vista, enrola horrores... O guia até apareceu para chamar a gente e eu: “Ele está logo ali, já voltamos!”. Nem tinha como gritar pelo Elvis, até porque aí é que o guia ia achar que estávamos em perigo mesmo. Eu, preocupadíssimo, comecei a ir atrás dele. Depois de pelo menos uns 15 minutos ela volta, dizendo que foi tentar atravessar o rio lá em cima, mas a correnteza estava forte e resolveu voltar.
A volta foi bem cansativa, ainda mais que no dia anterior tínhamos andado mais de 15km. Contudo, como chegamos cedo ao camping, somente almoçamos e resolvemos conhecer outra atração da Chapada – o Raizama. E lá fomos nós andar muito mais... Agora eu estava de chinelo, porque não estava agüentando meu pé.
Andamos razoavelmente e chegamos ao local que, muitas vezes, faz shows – como no dia que chegamos, mas resolvemos não ir. Já era umas 16h e o local fechava às 18h. A trilha é meio circular, você sai da entrada pela direita e chega pela esquerda.
No caminho, encontramos umas quedinhas d’água e, a principal atração, um cânion enorme, que vamos andando pela sua beirada, do alto, em boa parte do caminho. O local é cheio de pedras enormes também.
Ao tirar fotos em uma parte do rio, que desemboca no cânion, eu resolvi subir em uma pedra no meio do riozinho. O Elvis “tirou a foto”. Na volta, eu me desequilibrei e meu chinelo simplesmente resolveu ir embora, rio abaixo! Por um segundo pensei em sair desabalado atrás dele, mas seria perigoso. Meio rindo, meio puto da vida, voltei para o chão firme. E agora? Vou ter que fazer o resto da trilha com um pé descalço (meu pé só é acostumado a sentir a cerâmica da minha casa e a palmilha do meu tênis)? E, quando terminar a trilha, vou ter que voltar para o camping pelo cascalho (tudo devia dar uns 3km)?
...
Em casa, vendo meus arquivos da câmera, descobri que o Elvis ACHOU que tirou a foto, de fato, ele filmou. Na filmagem, mostra ele “terminando de tirar a foto”, e a câmera fica do lado do seu corpo, filmando mais o chão. Dá para ver o momento que eu tropeço e meu chinelo vai embora. Hilário!
...
Acabei amarrando uma sacola de plástico no meu pé descalço e fomos seguir a trilha. Detalhe: já estava escurecendo e, por causa dessa fatalidade, o ritmo do passo seria mais lento. O próximo obstáculo era subir um lugar íngreme, do lado de um barranco ENORME – só para ter uma idéia, você tinha que subir com a ajuda das mãos, para não correr o risco de desequilibrar. Eu, muito estressado, não estava nem aí, e subi rapidinho, sem nem olhar para o lado. O Elvis demorou, ficou morrendo de medo na subida. Quando chegamos à entrada do Raizama, meu pé estava inteiro, só estávamos nós de visitantes no lugar, e, em poucos minutos, virou noite.
Para nossa sorte – bem mais minha! – o pessoal que trabalhava lá iria voltar para São Jorge e nós poderíamos pegar uma carona na caçamba da caminhonete. Foi minha salvação! Além de andar de carona, curtindo um ventinho, salvando meu pé de machucados e bolhas, descemos praticamente na frente do camping. Ainda bem que perdi o chinelo! Não agüentava mais andar.
A última providência antes de dormir, e depois de tomar banho e comer, claro, foi sentar com o Elvis e discutir o roteiro dele em relação ao resto do mochilão.

Informações:
Guia para uma das trilhas do Parque Nacional: R$15 por pessoa (grupo de 4 pessoas).

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