sexta-feira, 13 de maio de 2011
Bíblia + (ou) x Homossexualidade
sexta-feira, 6 de maio de 2011
Um passo rumo à Igualdade
Os dez ministros que votaram, por unanimidade, a favor do reconhecimento da união homoafetiva, equiparando-a à união estável entre homem e mulher, presente na Constituição Federal, fizeram história no Brasil.
Mais um passo em direção à igualdade de direitos e ao respeito à diversidade foi dado. O STF – mais alta instância do país – se mostrou justo e íntegro, não deixando-se levar pelos apelos populares contrários, mas reconhecendo o que já deveria ser fato a muito tempo.
Eu – sei que também em nome de muitos outros homossexuais – sou grato aos ministros por essa vitória importantíssima na luta contra o preconceito e a discriminação de LGBTs. Eram 78 (há quem diga 111) direitos negados pelo fato de a união estável entre pessoas do mesmo sexo não ser reconhecida como um tipo de instituição familiar.
Sou grato por poder: me casar (mesmo que não seja um casamento civil, direito ainda a ser conquistado); adotar o nome do meu parceiro; fazer financiamentos, compras e alugueis em conjunto; inscrever meu parceiro como dependente em meu plano de saúde, imposto de renda e previdência social; acompanhar meu parceiro em caso de transferência de emprego; estar junto ao meu parceiro caso ele esteja internado em um hospital, e, se preciso, tomar decisões quanto a seu tratamento; ter direito à pensão alimentícia, herança, e à garantia de bens em caso de separação; ter direito a dias para comemorar meu casamento, ou para enlutar-me pela morte do meu parceiro; e, muito importante, ter o mesmo tratamento que casais heterossexuais na hora de formar minha própria família, por meio da adoção. Sou grato por isto e muito mais!
Reconheço que é um absurdo alegrar-me por receber algo que é meu por direito. Poderíamos não parabenizar o STF, afinal, eles não fizeram mais do que sua obrigação, contudo, em uma sociedade tão machista e religiosa como a brasileira, termos uma instituição tão importante ao nosso lado é realmente uma vitória!
Abaixo seguem algumas das falas mais importantes da sessão do STF:
"Os homossexuais devem ser tratados com mesmo respeito e consideração que os demais cidadãos, e a recusa estatal em reconhecer uniões implica, não só em privá-lo de direitos, como também importa em menosprezo a sua própria dignidade”.
“O reconhecimento jurídico das uniões homossexuais não enfraquece a família, mas antes a fortalece”.
“Privar os membros de uniões homossexuais afetivas atenta contra sua dignidade, expondo-os a situações de risco social injustificáveis”.
“Ao não-reconhecer das uniões homoafetivas, o Estado compromete a capacidade do homossexual de viver a plenitude de sua orientação sexual”.
(procurador-geral da República Roberto Gurgel)
“Se a vida, pelos seus desígnios, levasse meu filho por um caminho diferente, eu gostaria que ele fosse tratado com respeito e consideração, e que fosse acolhido pelo ordenamento jurídico e que pudesse viver em paz e segurança. E o que desejo para o meu filho é o que tenho que desejar para todas as pessoas”.
(advogado Luís Roberto Barroso)
“O órgão sexual é um plus, um bônus, um regalo da natureza. Não é um ônus, um peso, em estorvo, menos ainda uma reprimenda dos deuses”.
“A Constituição Federal opera com intencional silêncio. Mas a ausência de lei não é ausência do direito, porque o direito é maior que a lei. O sexo das pessoas, salvo expressa disposição constitucional em contrário, não se presta como fator de desigualação jurídica. Entre interpretar o silêncio como vedação ou autorização, a segunda interpretação é a mais correta”.
“Quem ganha com a equiparação postulada pelo homoafetivos? Os homoafetivos. Quem perde? Ninguém perde. Os homoafetivos não perdem, os heterossexuais não perdem, a sociedade não perde”.
(ministro Ayres Britto)
“Onde há sociedade, há o direito. Se a sociedade evolui, o direito evolui. Os homoafetivos vieram aqui pleitear uma equiparação, que fossem reconhecidos à luz da comunhão que tem e acima de tudo porque querem erigir um projeto de vida. Daremos a esse segmento de nobres brasileiros mais do que um projeto de vida, um projeto de felicidade”.
“O homossexualismo é um traço da personalidade, não é uma ideologia nem é uma opção de vida”.
“A homossexualidade caracteriza a humanidade de uma pessoa. Não é crime. Então por que o homossexual não pode constituir uma família? Por força de duas questões que são abominadas por nossa Constituição: a intolerância e o preconceito”.
(ministro Luiz Fux)
“Aqueles que fazem a opção pela união homoafetiva não podem ser desigualados da maioria. As escolhas pessoais livres e legítimas são plurais na sociedade e assim terão de ser entendidas como válidas. (...) O direito existe para a vida não é a vida que existe para o direito. Contra todas as formas de preconceitos há a Constituição Federal. [Os preconceitos] não podem se repetir sem que sejam lembrados como traço de momento infeliz da sociedade. A escolha por uma união homoafetiva é individual e única”.
(ministra Cármen Lúcia)
“Entendo que uniões de pessoas do mesmo sexo, que se projetam no tempo e ostentam a marcada da publicidade, devem ser reconhecidas pelo direito, pois dos fatos nasce o direito. Creio que se está diante de outra unidade familiar distinta das que caracterizam uniões estáveis heterossexuais”.
“Dela [a união estável homoafetiva] resultam direitos e obrigações que não se podem colocar à margem do Estado ainda que não haja definição específica sobre essa relação”.
(ministro Ricardo Lewandowski)
“Estamos aqui diante de uma situação de descompasso em que o Direito não foi capaz de acompanhar as profundas mudanças sociais. Essas uniões sempre existiram e sempre existirão. O que muda é a forma como as sociedades as enxergam e vão enxergar em cada parte do mundo. Houve uma significativa mudança de paradigmas nas últimas duas décadas”.
“O não reconhecimento da união homoafetiva simboliza a posição do Estado de que a afetividade dos homossexuais não tem valor e não merece respeito social. Aqui reside a violação do direito ao reconhecimento que é uma dimensão essencial do princípio da dignidade da pessoa humana”.
(ministro Joaquim Barbosa)
“O limbo jurídico inequivocamente contribui para que haja um quadro de maior discriminação e talvez contribua até mesmo para as práticas violentas de que temos notécia. É dever do estado de proteção e é dever da Corte Constitucional dar essa proteção se, de alguma forma, ela não foi engendrada ou concedida pelo órgão competente”.
“A ideia de opção sexual está contemplada no exercício de liberdade. A falta de um modelo institucional que abrigue essa opção acaba militando e contribuindo para as restrições, para a discriminação”.
“O fato de a Constituição proteger a união estável entre homem e mulher não significa negar proteção à união do mesmo sexo”.
(ministro Gilmar Mendes)
“O reconhecimento hoje pelo tribunal desses direitos responde a um grupo de pessoas que durante longo tempo foram humilhadas, cujos direitos foram ignorados, cuja dignidade foi ofendida, cuja identidade foi denegada e cuja liberdade foi oprimida. As sociedades se aperfeiçoam através de inúmeros mecanismos e um deles é a atuação do Poder Judiciário”.
“O Tribunal lhes restitui o respeito que merecem, reconhece seus direitos, restaura sua dignidade, afirma sua identidade e restaura a sua liberdade”.
“Uma sociedade decente é uma sociedade que não humilha seus integrantes”.
(ministra Ellen Gracie)
"Se o reconhecimento da entidade familiar depende apenas da opção livre e responsável de constituição de vida comum para promover a dignidade dos partícipes, regida pelo afeto existente entre eles, então não parece haver dúvida de que a Constituição Federal de 1988 permite que seja a união homoafetiva admitida como tal".
“O Brasil está vencendo a guerra desumana contra o preconceito, o que significa promover o desenvolvimento do Estado de Direito, sem dúvida alguma”.
“Se duas pessoas de igual sexo se unem para uma vida afetiva comum, o ato não pode ser lançado à categoria jurídica imprópria. Impõe-se a proteção jurídica integral, qual seja o reconhecimento de regime familiar”.
(ministro Marco Aurélio Mello)
"Esse julgamento marcará a vida deste país e imprimirá novos rumos à causa da homossexualidade. O julgamento de hoje representa um marco histórico na caminhada da comunidade homossexual. Eu diria um ponto de partida para outras conquistas".
(ministro Celso de Mello)
“O Poder Legislativo, a partir de hoje, tem que se expor e regulamentar as situações em que a aplicação da decisão da Corte seja justificada. Há, portanto, uma convocação que a decisão da Corte implica em relação ao Poder Legislativo para que assuma essa tarefa para a qual parece que até agora não se sentiu muito propensa a exercer”.
(ministro Cezar Peluso)
PARA RIR UM POUCO
Tipo de bicha:
- Bicha que fica toda feliz de o casamento gay ter sido aprovado, até lembrar que ninguém quer casar com ela!
domingo, 1 de maio de 2011
Ah, o Amor! [6/10]
Atenção! O que você lerá a seguir não passa de achismo do autor deste blog.
Tenho uma notícia boa e uma ruim para lhe dar. A boa é: alma gêmea existe. A ruim: quase certeza que você nunca irá conhecê-la. Pronto, falei.
Sabe aqueles amores dos filmes, em que a mocinha e o rapaz (completos desconhecidos) cruzam seus olhares na rua, param abruptamente, perdem a respiração, parece que o mundo não gira e que o tempo congelou, e nada mais importa? Sim, eles existem! Não há nenhuma estatística que comprove, mas poucas pessoas no mundo devem viver esse sentimento. É um amor? Não! É mais que um amor, é a Alma Gêmea. A tão famosa Alma Gêmea! E, para cada ser humano, há somente uma única alma gêmea, diferente dos vários amores abordados no último texto da série.
O problema é: sua alma gêmea pode estar do outro lado do mundo agora! Ou não, é verdade. Ela tanto pode estar em Huaibei (China), ou na Cidade do Cabo (África do Sul), ou em Patos de Minas, como pode estar na rua de cima da sua casa, ou no mesmo prédio em que você trabalha. Neste último caso, você só tem o azar [destino?!] de não esbarrar com ela. Porém, provavelmente ela está bem longe mesmo. Sem querer desanimar, talvez você tivesse que passar por cinqüenta reencarnações (se acreditar nisso) para encontrá-la e viver a cena do filme. Como o autor deste texto só acredita numa única passagem pela Terra... Lascou tudo!
Foi dito que não existe pessoa perfeita... Bem, existe!
[E não venha dizer que foi enganado. Lembra daquele problema matemático que no Ensino Fundamental NÃO tem solução, mas que no Ensino Médio você descobre ter? Então, é a mesma coisa. Isto acontece para que você entenda o problema por partes e amadureça seu raciocínio. O mesmo agora. Perdoado? Prossigamos!]
A perfeição tem nome e sobrenome: Alma Gêmea! Pense na pessoa mais bonita que você já viu na vida – pessoalmente ou não. Bem, a sua alma gêmea é mais bonita ainda, mais do que você pode imaginar ou pensa merecer. Além da beleza exterior, para você, ela não tem defeitos. O único sonho é estar um com o outro – todo o resto serve para tornar isso possível. Vocês pensariam igual, valorizariam e sonhariam as mesmas coisas, não brigariam, completariam as frases um do outro, saberiam o que o parceiro está pensando, etc. Algo completamente sem surpresas, previsível, nojento de tão perfeito. Acha isso também? Se encontrar sua alma gêmea vai mudar de opinião. Quem escreve este texto também.
E caso você esteja casado/a com um amor e aparecer a alma gêmea na sua vida? Como faz? Vai separar, largar filhos, abandonar tudo e ir atrás da alma? Ignorá-la também é impossível, esteja avisado. Tem um filme do Clint Eastwood, chamado “As Pontes de Madison County” (The Bridges of Madison County, 1995), que mostra esse impasse [na visão deste autor].
Na história, Meryl Streep vive Francesca, uma dona de casa que fica sozinha em sua fazenda, no interior dos Estados Unidos, enquanto seu marido e seus filhos fazem uma pequena viagem. Um fotógrafo da National Geographic (vivido pelo próprio Clint) bate em sua porta, buscando informações sobre as tais pontes de Madison County. Ela, solícita, faz companhia a ele. Resumindo: eles se apaixonam [ok, não foi amor à primeira vista como dito que seria o caso das almas gêmeas] e o fotógrafo a convida para ir embora com ele. E agora? Ela vai com a alma gêmea ou fica com o amor? Francesca escolhe o amor! No final do filme, durante um jantar, o marido (talvez pressentindo algo) agradece por ela ter aberto mão de vários sonhos por ele e pela família. Algo assim.
Se você está casado com um amor, não abra mão dele por sua alma gêmea. Principalmente se você tiver filhos. A não ser que esse amor já não esteja funcionando mais – porque um de vocês ou os dois o deixaram acabar, diga-se de passagem. Razões? Além da responsabilidade para com sua família e da aliança feita entre você e seu parceiro, o amor é mais que um sentimento, também é um comportamento. Isto significa fazer escolhas, pensar no outro e não apenas em si mesmo, e buscar a felicidade alheia também, não apenas a sua. E se para você o que foi dito é apenas uma baboseira, a escritora Elizabeth Gilbert, no famoso livro “Comer Rezar Amar”, diz:
“As pessoas acham que a alma gêmea é o encaixe perfeito, e é isso que todo mundo quer. Mas a verdadeira alma gêmea é um espelho, a pessoa que mostra tudo que está prendendo você, a pessoa que chama a sua atenção para você mesmo para que você possa mudar a sua vida. Uma verdadeira alma gêmea é provavelmente a pessoa mais importante que você vai conhecer, porque elas derrubam as paredes e te acordam com um tapa. Mas viver com uma alma gêmea para sempre? Não. Dói demais. As almas gêmeas só entram na sua vida para revelar a você uma outra camada de você mesmo, e depois vão embora”.
Talvez ela esteja certa, afinal. Talvez você abra mão de um amor por algo que não será eterno. Será que vale a pena? Sorte de quem acha a alma gêmea e está solteiro, porque aí pode arriscar e descobrir o que ela realmente é. Felicidade eterna ou não.
Observação: assista “As Pontes de Madison County” e leia o livro “Comer Rezar Amar”.
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