sexta-feira, 29 de março de 2013

O Panteão das Divas - ZEUS [1/14]

“É a principal, mais poderosa e importante, governante do Olimpo/Mundo Pop, rainha das deusas e dos homens. Sua arma é o raio (Ray of Light ou, metaforicamente, o diferencial). Já foi um tanto biscate. Teve diversos casos com deuses (Sean Penn, Guy Ritchie), ninfos (Jesus Luz, o atual Brahim Zaibat) e humanos (Carlos Leon), tendo vários filhos semideuses. Em sua sabedoria e soberania inconteste, é ela quem toma as decisões que influenciam a evolução do mundo. Já era chamada de Queen desde os tempos micênicos, aliás, desde os anos 1980. Seu poder não é, no entanto, absoluto e indiscriminado. Em sua trajetória, é nítido o respeito que tem pelas divindades mais antigas (Donna Summer, Marilyn Monroe) e, de certa forma, também pelas deusas a ela subordinadas (como Britney, Kylie e Gaga). É representada geralmente como uma mulher madura, sentada em um trono com um cetro. Seus santuários (leia-se: palcos para shows) são particularmente grandiosos. É conhecida por suas aventuras eróticas, principalmente na época de Erotica. Como ressaltou um acadêmico alemão em seu livro Religião Grega [adaptado], ‘mesmo as deusas que não são filhas naturais de Madonna dirigem-se a ela como Rainha, e todas as deusas se põem de pé diante de sua presença’.”


Personalidade: ●●●●
                Chegou em Nova York com 35 dólares. Isso em 1978. Atualmente, tem uma fortuna estimada em mais de um bilhão de dólares – a primeira artista multimilionária. Seu objetivo era apenas ser uma dançarina, mas se tornou cantora, produtora musical, compositora, atriz (em mais de 20 filmes), diretora/produtora cinematográfica (2 longa-metragens e 2 documentários), escritora e empresária (tem a rede de academias Hard Candy Fitness).
                Apenas uma pessoa de fibra, determinada e batalhadora como Madonna poderia chegar ao topo. Madge não é a melhor em nenhuma das atividades citadas, porém faz tudo com muita qualidade. Como atriz, por exemplo, foi bastante criticada ao longo dos anos, ganhando vários prêmios Fambroesa de pior atuação. Contudo, também ganhou um Globo de Ouro como Melhor Atriz pelo papel de Eva Péron, no filme Evita (1996).
                A maior característica da Madonna, a qual a tornou quem é hoje, é ser “marketeira”. Em uma época quando os homens dominavam a música pop (Michael Jackson, Prince, David Bowie), ela surgiu vestida de noiva, rolou no chão, mostrou a calcinha e mudou a história a partir daquele momento. Desde então, são as mulheres que dominam o universo pop. Todas as cantoras atuais têm seu lugar ao sol graças ao pioneirismo de Madge. E qualquer coisa que a nova geração fizer, tenha certeza que Madonna já fez anos atrás.
                 Muitas vezes foi acusada de ser manipuladora e de usar as pessoas para subir na vida. A verdade é que ela soube tirar o melhor das pessoas que estavam ao seu redor. Se alguém não tinha mais nada a acrescentar, por que mantê-la por perto? Madge também teve sua época “nojenta de metida/diva”, mas atualmente seus estrelismos são mais irônicos do que genuínos. Qual a principal crítica acerca dela hoje? Ser velha e erótica ao mesmo tempo? Preconceito. Talvez esse seja mais um tabu sexual que ela veio quebrar.
                 Se tem uma coisa que Madge sabe é se manter no topo. Sabe como ninguém.

Música: ●●●●●
                A cantora mais bem sucedida da história, segundo o Guinness (300 milhões de cópias vendidas no mundo – apenas outros 6 artistas venderam tanto ou mais que ela), e a segunda que mais vendeu nos Estados Unidos. Além disso, é o artista internacional de maior lucro no Brasil. No Reino Unido, é a mais executada nas rádios durante a década de 2000 e com mais singles em primeiro lugar (13).
Dos 12 álbuns de estúdio, todos chegaram a 1º lugar no Reino Unido (o artista solo com mais CDs número 1 por lá). Apesar do jejum de 12 anos, continua em 5º lugar com 12 canções a chegarem ao #1 nos EUA.
                Madonna também é uma das cantoras mais premiadas. Foram 274 prêmios ganhos e mais de 400 indicações. Além dos 7 Grammys, Madonna é a grande veterana do VMA, tendo conquistado 21 prêmios até o momento. O álbum Ray of Light, por exemplo, recebeu 4 Grammys e é listado pela revista Rolling Stone como um dos “500 Maiores Álbuns de Todos os Tempos”.
                A Billboard considerou, em 2008, Madonna como a maior artista solo da história da parada e, no geral, só perde para os Beatles. Ela é a cantora com mais canções (38) no Top 10 e com mais singles (40) no topo da Billboard Dance/Club Play Songs.
                Seus últimos trabalhos não fizeram tanto sucesso quanto o desejado. Talvez pelo fato de Madonna não estar mais se reinventando como antigamente. O que ela tem feito é ver o que já está na moda, procurar produtores e parcerias badaladas (Justin Timberlake, Timbaland, Nicki Minaj) e fazer músicas “comuns”, atuais.
O último álbum que realmente trouxe algo novo para o mercado foi o Confessions on a Dance Floor, de 2005. Não por acaso, ficou em 1º lugar em mais países (41) até hoje. Além disso, o primeiro single desse trabalho, Hung Up, alcançou o topo das paradas em 47 países, ganhando mais um lugar no Guinness Book.
Mesmo não sendo tão ousada quanto antigamente, Madonna tem uma reputação e um legado musical únicos na indústria.           

CD mais vendido: The Immaculate Collection, 1990 (32 milhões / A coletânea mais vendida por um artista solo).
Maior sucesso: Hung Up, 2005 (9 milhões).


Voz: ●●●
                Sem dúvidas, não é a melhor cantora. Todavia, ela canta bem e tem uma boa voz. Para quem fica duas horas pulando e dançando, o que ela faz no palco (cantar ao vivo sem desafinar) é um milagre. Poucas conseguem.
                Se ela usa playback? Sim. Em pouquíssimas músicas de um setlist com mais de 20. E não há nenhum problema nisso.

Performance/Produção: ●●●●●
                Madonna não faz show ou apresentação. Ela faz verdadeiros espetáculos! A Sticky & Sweet Tour, de 2008, tornou-se a turnê mais lucrativa de um artista solo, com cerca de 408 milhões de dólares arrecadados.
Ninguém faz um show como ela. A qualidade é impecável. A última tour (MDNA) tinha os maiores telões já utilizados, blocos de LED que se movimentavam, 700 pares de sapatos e roupas (com um total de 315 mil cristais Swarovski), 22 dançarinos e cenários produzidos com o pessoal do Cirque Du Soleil. Os figurinos eram assinados por nomes como Jean Paul Gaultier, Dolce & Gabbana, Prada e MiuMiu.
Essa foi a 9ª turnê, mas todas revolucionárias. Seus palcos sempre foram inovadores, e foi ela quem começou a dividir as músicas em blocos e a contar histórias, fazer alertas e críticas – não apenas entreter o público. Uma das melhores características de seus espetáculos é sempre dar uma nova roupagem às músicas antigas. A revista Rolling Stone elegeu a Blond Ambition Tour (1990), por exemplo, como a 3ª turnê mais marcante da história.
Madge não é de fazer muitas apresentações, mas também quando faz é para deixar registrado na memória. Em 1984, ela fez sua famosa primeira apresentação na MTV, cantando Like a Virgin. Inesquecível. 28 anos depois, ela apareceu no intervalo do Super Bowl. Os 12 minutos de apresentação fizeram o programa mais visto da história da TV norte-americana. Igualmente inesquecível.

Apresentação marcante: Super Bowl 2012


Relevância: ●●●●●
Mais do que ser um marco no passado, ela continua a fazer sucesso e é atual. Não vende músicas como antigamente, nem se esforça para tal. Ela sabe que o pote de ouro está nos palcos, não nos charts. Seu foco são as turnês mundiais. E alguém é melhor que ela? Não.
                A maioria de suas polêmicas sempre foram originadas justamente em seus shows – principalmente em se tratando de questões sexuais e religiosas. Ela simulava masturbação em 1990 (Blond Ambition Tour), fazia uma orgia em 1993 (The Girlie Show), surgia pregada em uma cruz em 2006 (Confessions Tour) e em 2012 apareceu cheia de armas e matando os dançarinos (MDNA Tour).
                Não foi apenas na música que ela quebrou tabus e reinventou a roda. Se hoje falar de sexo é algo menos estigmatizado – principalmente mulheres falando sobre isso – é porque Madonna teve um papel importante no feminismo e na emancipação das mulheres. No início dos anos 1990, por exemplo, ela lançou o livro SEX, com imagens explícitas de nudez, sexo e sadomasoquismo. Em apenas 3 dias foram vendidos 1,5 milhão de cópias, sendo o livro limitado mais bem sucedido da história editorial. Até hoje, esse é o livro fora de catálogo mais procurado nos EUA.
Na moda, ela também foi revolucionária desde os anos 1980, quando surgiu o termo “wannabe” (“quer ser” [igual a ela]) para designar as meninas que imitavam seu estilo punk de se vestir. Seu sutiã em forma de cone igualmente é histórico. Ela copiou muitas estrelas do passado (Marilyn e Marlene Dietrich, para citar algumas) e hoje é bastante copiada. Madge também faz trabalhos sociais. Tem a ONG Sucess for Kids e a fundação Raising Malawi.
Com 30 anos de carreira, é considerada a 36ª maior artista de todos os tempos, segundo a Rolling Stone, e uma das “25 mais poderosas mulheres do século passado”, de acordo com a revista Time. Pelo pique que ainda apresenta, muitos sucessos virão pela frente. Essa mulher não pretende parar, e o mundo agradece.

terça-feira, 26 de março de 2013

O Panteão das Divas da Música [0/14]

Na mitologia grega, aka indústria musical, existem vários deuses. O Monte Olimpo/Mundo Pop é a habitação das principais divindades. No caso, as divas da música pop. Contudo, a vida delas não se resume apenas às festas regadas de ambrósia e néctar [interprete como quiser]. O palácio de cristal muitas vezes tem as estruturas abaladas por causa de suas personalidades fortes.
 
Todas fazem parte da terceira geração, filhas dos Titãs – Michael Jackson, Prince, Cher, Aretha Franklin, David Bowie e Elvis Presley, para citar alguns. Claro que antes houve ainda a primeira geração (os filhos dos seres primordiais), mas não estamos aqui para falar de história.
 
Algumas deusas já têm descendência. Essa prole e os deuses menores batalham para firmar moradia no Olimpo. Como não há tronos para todos no palácio, ou eles se contentam em participar de algumas festas badaladas (Grammy, Billboard, MTV Awards e afins), ou partem para a disputa.
 
Flops (baixas vendas) e escândalos pessoais são suficientes para rebaixar uma divindade e abrir espaço para outra que está em ascenção. A composição do grupo de Deuses Olímpicos, por sinal, é bastante controversa. Ela varia também de acordo com o tempo (de trabalho) e a quantidade de cultos/popularidade (aqui incluso o gosto pessoal dos fieis).
 
Por não haver consenso, a lista de deusas – a ser apresentada ao longo das próximas semanas – não inclui 12, mas 14 nomes. Com carreiras que duram entre 5 e 30 anos, algumas têm cultos mais fortes em determinadas regiões do planeta; outras visitaram altas montanhas e vales profundos, todavia seguem em frente; e uma delas recebe homenagem póstuma.
 
Cada uma com suas qualidades, defeitos, rituais e legião de seguidores. Cada uma criando seu próprio legado, seu próprio mito - este que, de acordo com Fernando Pessoa, “é o nada que é tudo”.
 
Merlito Pabatao, o designer que criou esta capa fake, está no caminho.
Quais dessas estarão no Panteão? Quais outras serão incluídas?
Descubra a primeira nos próximos dias!