segunda-feira, 21 de junho de 2010

Sejamos pipoca!

Trechos de um dos discursos de eliminação, feito por Pedro Bial, no Big Brother Brasil 10:


Eu sempre estive entre aspas.
Ficar triste é um sentimento tão legítimo quanto a alegria.
Reclamar do tédio é fácil. Difícil é levantar da cadeira pra fazer alguma coisa que nunca foi feita.
Queria não me sentir tão responsável pelo o que acontece ao meu redor.
Felicidade é a combinação de sorte com escolhas bem feitas.
Pessoas com vidas interessantes interessam-se por gente é que é o oposto delas.
Emoção nenhuma é banal se for autêntica.
Dar certo não está relacionado ao ponto de chegada, mas ao durante.
O prazer está na invenção da própria alegria, porque é do ermo que surgem novas soluções. Os desacertos nos movimentam, nos humanizam, nos aproximam dos outros. Enquanto o sujeito “Nota 10” nem consegue olhar pro lado sob pena de ver seu mundo cair. O mundo já caiu, baby. Só nos resta dançar sobre os destroços.
Nosso maior inimigo é a falta de humor.

Piruá. Quem sabe o que é piruá? Piruá pode ser um peixe em algumas regiões, mas piruá é também e principalmente aquele caroço de milho que não vira pipoca.

Tem muita gente piruá neste planeta. Gente que explode, não reage ao calor, não desabrocha, não vira... pipoca.

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Fontes: Doidas e Santas – Martha Medeiros / Biografia de Clarice Lispector / A Pipoca - Rubem Alves / Elenita

domingo, 18 de abril de 2010

Você conhece SIA?

Se você mora no Distrito Federal, já aviso logo que não se trata do Setor de Indústria e Abastecimento! Sia simplesmente é a melhor descoberta que fiz neste ano. Na verdade, não descoberta, pois soube dela por meio do meu amigo Luciano Lima (eternamente grato por esta e outras “descobertas”!).

Eis a prova final para saber se algum dia você “esbarrou” no trabalho dela ou não. Se você assistiu à série Six Feet Under (A Sete Palmos) deve ter um carinho especial por ela:



Hurt myself again today,

and the worst part is there's no-one else to blame

[…]

I am small

I'm needy

Warm me up

And breathe me


Esta é a música Breathe Me, o single mais conhecido da cantora Sia (Furler), que emocionou milhares de pessoas no episódio final da citada série. Luciano que o diga! (Eu - ainda - não tive o prazer de ver).


Pois bem, Sia Kate Isobelle Furler nasceu na Austrália, mais especificamente em Adelaide, em dezembro de 1975, e foi criada na rua mais hippie da cidade. Seus pais chegaram a tocar em uma banda. Sua carreira musical começou aos 17 anos, no grupo australiano de club jazz e indie, Crisp, que lançou dois álbuns – Word and the Deal e Delirium. Em 1997, fez seu début na carreira solo com o CD Only See.

Seu sucesso comercial foi alcançado somente quando se mudou para o Reino Unido, depois de viajar por vários lugares do mundo. Ela trabalhou com grandes nomes da música mundial, como Beck, Jamiroquai e, recentemente, escreveu canções para o novo álbum da Christina Aguilera – Bionic.

Sua voz é única e inesquecível – depois que você a ouve por um tempo, com as primeiras frases de qualquer música você saberá se é ela quem canta ou não. O sotaque australiano-britânico e seus vocais suaves, lindos, sussurrados e, algumas vezes, “doloridos de sair” são sua marca registrada. Para alguns críticos, algo que atrapalha na interpretação das canções.

Para completar, justamente o que mais me chamou a atenção: as letras escritas pela Sia são ES-PE-TA-CU-LA-RES! Cada frase transborda de tanto sentimento e verdade.

Os temas são os mais diversos: dar um tempo nas brigas de casal (Let's desert this day of hurt, tomorrow we'll be free – Soon We’ll Be Found); a garota que decide seguir a razão, ao invés do coração (I'm glad somehow I got brains down there, at least – Little Black Sandals); a mulher que perdeu o namorado para as drogas (No, I don't need drama, so I'm walking away – The Girl you Lost to Cocaine); como superar um amor (Tears on your pillow will dry and you will learn just how to love again – Death by Chocolate); a eterna espera por um cara (And I'm waiting for you again, tell me what can I do – Taken for Granted); e até sobre medos, incluindo o seu próprio (Sometimes I worry my boyfriend will die. My first love is already dead – The Fear) – Sia perdeu seu “primeiro verdadeiro amor” atropelado por um táxi preto, uma semana antes de ir para Londres ficar definitivamente com ele.



Abaixo, eu faço um breve comentário sobre cada um dos álbuns da Sia e apresento as músicas na ordem das que eu mais gosto, e não na ordem original do CD.



Healing is Difficult (2001)

Um mix eclético de R&B e jazz, este é o álbum mais antigo da Sia possível de ser encontrado para download. Contudo, ela odiava quando o classificavam de “urbano”. O “menos bom” dos três, na minha opinião, também é que soa mais alegre, antes dela começar a fazer músicas mais “deprês” – lembrando que os CDs da Sia no Brasil, somente baixados ou importados, infelizmente! Nesta época, ela chegou a ser comparada com Lauryn Hill e Nelly Furtado. A primeira música do álbum (Fear) realmente me lembrou essa última. • Taken for Granted – primeiro single, lançado em 2000, chegou a ficar em 10º lugar na parada britânica.



See, I do what I say

and I say what I do.

Is it too much to expect

that you could?

I wish you would


• Fear – quem não tem medo de alguma coisa?

You see, fear is only holding us back.

Look closely amongst all your peeps,

there is usually one thing that keeps us off track:

It is fear, it is fear, it is fear


• Little Man – um remix de Wookie. Continua sendo popular em algumas boates do Reino Unido.

Little man, your head is full of dreams.

If only I could spend one day touring your imagination


• I’m not Important to you

You don't have the time that I need,

that I want, I deserve.

But I got back my nerve.

Did what was right for me.

I'm using my head, not my heart

and I'm starting new.

I'm going to get over you, over you


• Drink to get Drunk

Don't ask me why I smoke

I don't know

But I drink to get drunk


• Blow it all Away

But even if you had it all,

you would find

I could never let you stay

• Get me

But the burden is just too much

I'm losing touch with myself and my health


• Healing is Difficult

My best friends are pushers

My boyfriends are whores


• Judge me – Sia fala das pessoas que julgam as outras. Quanto mais livres elas se sentirem, mas livres deixarão os outros serem. O motivo desses julgamentos podem ser os mais diversos. Para mim, a carapuça serviu para quem condena os gays usando Deus. Sob essa ótica, a mensagem seria: seja você mesmo, porque Ele "te ama".

It's such a terrible, terrible shame.

You keep on judging me in His name.

You're so quick to shift the focus,

cos you can find yourself

in today's frame.

But I know He's approve,

and I've nothing to prove to you.

He smiles down on me lovingly


• Sober & Unkissed

I'm tasting your sweet kisses with mine

The sweet taste lingers left on lips


• Insidiously

You thought you could climb me

I'm sorry to cut your rope

But in you I've lost all hope


Colour the Small one (2004)

No ano anterior, Sia tinha lançado o EP Don’t Bring me Down, usado no filme francês “36 Quai des Orfèvres” (apenas “36”, no Brasil). Classificado como o estilo eletrônico downtempo, com o uso de instrumentos acústicos e toques eletrônicos ao fundo, dessa vez Sia foi comparada com Dido e Sarah McLachlan. Nos Estados Unidos, o CD foi lançado somente em 2006, com as faixas bônus: Broken Biscuit, Sea Shells e dois remixes de Breathe Me. É melhor que o CD anterior e mais melancólico, porém a cantora disse: “Eu chamo de escuta fácil. Isso é o que eu venho dizendo a todos. Você acha que é depressivo? Não é tão deprimente, é? Foi concebido para ser agradável, fácil. Sonoro e exuberante”.

Ela compara os dois álbuns: “Quase tudo no primeiro álbum [Healing is Difficult] era sobre isso [a perda do namorado na vida real]. Eu fiquei muito ‘fodida’ depois que o Dan morreu. Na verdade eu não conseguia sentir nada. Eu pude intelectualizar muita coisa: que eu tive um propósito, que eu fui amada; mas eu não conseguia sentir nada. O último álbum foi muito deflectivo. Este [Colour the Small one] é muito expositivo. Eu acho que é a diferença entre os dois álbuns, o primeiro foi intelectualizado, este é sentido... E eu parei de beber. Provavelmente por isso é o que é”.

• Breathe me – também foi usada no Victoria’s Secret Fashion Show de 2006.

Ouch, I have lost myself again

Lost myself and I am nowhere to be found


• Don’t Bring me Down

I'm listening to you breathing in and breathing out,

needing nothing


• Sunday



Yeah, it will be ok

Do nothing today

Give yourself a break

Let your imagination run away


• Sweet Potato

She senses you are lonely, but still she can't be sure.

And so she stands and waits anticipating your thoughts.

How can she become the psychic that she longs to be to understand you?


• The Bully – com a colaboração de Beck. “Havia este garoto na escola com o qual eu realmente era cruel, e eu me senti mal em relação a isso desde então. Cheguei ao ponto de ter pesadelos. Então eu quis escrever uma música para me desculpar”.

I wish I had taken you in my arms

• Rewrite

So when you're finished with this dream

Delete begin to rewrite me


• Where I Belong – iria entrar na trilha sonora do filme Homem-Aranha 2, mas não deu certo a negociação. Na capa do single, ela está vestida como o super herói.

And soon you will see we are blessed and complete

There's a place here for you with me


• Numb

The pain may fill you

I saw you shy away

The pain will not kill you


• The Church of What’s Happening now

I will not run from bad things I've done

They're things I'll try not to repeat


• Natalie’s Song

She barely speaks

But I hear her breathing

That's all I need

Someone who's listening


• Moon

I believe the world it spins for you

• Butterflies

We've shared joy and we've shared pain

We've shared guilt and we've shared shame


Some People Have Real Problems (2008)

Ficou em 26º na lista dos 200 álbuns mais vendidos do ano, no Reino Unido, e foi considerado pelo iTunes o Top Pop Album de 2008. Quem comprava o CD podia fazer o download das músicas: Buttons, Blame it on the Radio, Cares at the Door e Bring it to me. Considero o melhor CD da Sia até o momento, com suas melhores letras e no mesmo estilo do antecessor. Impossível não se apaixonar depois de ouvi-lo. • Soon We’ll be Found – foi por meio deste videoclipe que eu a conheci e me encantei. Por sinal, é o melhor clipe dela. Belíssimo!


Well, it's been rough, but we'll be just fine

Work it out. Yeah, we'll survive

You mustn't let a few bad times dictate


• Day too Soon

I've been running all my life

I ran away, I ran away from good

Yeah, I’ve been waiting all my life

You're not a day, you’re not day too soon


• Academia – tem uma das melhores, se não a melhor, letra da Sia. Feita de metáforas perfeitas!

The pass of your poem is to swathe me in your knowingAnd the beauty of the word is that you don't have to show it […]

Oh academia, you can't pick me up

Soothe me with your words when I need your love […]

I'm a binary code that you cracked long ago

But to you I'm just a novel that you wish you'd never wrote […]

You're a cryptic crossword, a song I've never heard

While I sit here drawing circles I'm afraid of being hurt […]

And if I am a number, I'm infinity plus one

And if you are five words, you are “Afraid to be the one”

And if you are a number, you're infinity plus one

And if I am four words, then I am “Needing of your love”


• Lentil

Now all I have is riches and stitches and pictures

But money could never buy what you give


• Little Black Sandals

Sometimes I'm tempted,

sometimes I am.

I would be lying if I said I didn't miss that giant man.

He was the line between pleasure and pain,

but me and the feet have some years to reclaim


• You Have Been Loved

Will you ever know

that the bitterness and anger left me long ago?

Only sadness remains,

and it will pass


• Electric Bird

Someone took your tweet

One day they fed you that bad seed

You can't fly away electric bird


• I go to Sleep

I was wrong, I will cry,

I will love you till the day I die.

You were all, you alone and no one else.

You were meant for me


• The Girl you Lost to Cocaine



So just cut me loose, learn to tie your shoes

There's somebody here, I'd like to introduce

So look in the mirror, look for the glass

'Cause you’re not my problem, you are my last


• Buttons



Yes, I see you open wounds in everyone I’ve dated

Away from me lover, get away from me lover


• Beautiful Calm Driving

Beautiful calm driving, emotional hiding

• Playground

Close my eyes and then I realize

You are never far behind me


• Death by Chocolate

The headaches feel a bit like it

you might explode,

but you reach the end of the road.

And you, little tree,

I'm certain you will grow


• Lullaby

Place your past into a book

Put in everything you ever took

Place your past into a book

Burn the pages let them cook


Outros

Only See (1997) – até hoje não encontrei para baixar. Se alguém tiver algum link, por favor, me envie!

Don’t Bring me Down EP (2003) – também nunca achei para baixar.

Lady Croissant (2007) – possui 8 músicas ao vivo e uma nova de estúdio (Pictures).

Day too Soon EP (2007) – lançado no iTunes. Outro que não baixei.

iTunes Live From Sidney EP (2009) – Se alguém souber de um link para fazer download, agradeceria!



Zero 7 – Na mesma época em que lançou “Colour the Small one”, Sia emprestou seus vocais para este grupo, com o qual saiu em turnê. Do primeiro álbum deles, “Simple Things”, ela cantou Destiny e Distractions. Do segundo “When it Falls”, outras duas músicas: Somersault e Speed Dial No. 2. E no álbum “The Garden Falls”, de 2006, ela cantou seis canções: Throw it all Away, com Henry Binns, The Pageant of the Bizarre, You’re my Flame, This Fine Social Scene, If I Can’t Have you e Waiting to die. Ela conta que foi durante a turnê que teve a maior influência para o seu álbum. “Foi quando eu realmente comecei a ouvir música. Todas as outras músicas que ouvi na minha vida foram causalmente, nas boates, carros, elevadores. Eu só tive 2 CDs: uma antologia dos Jackson 5 e "Grace", de Jeff Buckley. Enquanto estávamos em tour, os caras do Zero 7 estavam sempre falando de artistas que eu nunca ouvi falar, então eu comprei um discman e comecei a ouvir os CDs de James Taylor, Nick Drake, Harry Neilson, Randy Newman e Django Bates. E tudo isso só me surpreendeu”.



We are Born (2010)

Dia 07 de junho do presente ano, Sia lança seu mais novo álbum. A música You’ve Changed já tem videoclipe:



Ela já vinha cantando You’ve Changed, The Co-Dependent e Clap Your Hands nos seus últimos shows. E You’ve Changed já alcançou o 31º lugar na parada australiana, sua melhor posição até hoje. Buttons, sua segunda melhor posição nos charts, ficou em 67º.

Outras 5 músicas (The Fight, Clap Your Hands, I’m in Here, Big Girl Little Girl e Bring Night) podem ser ouvidas no site oficial da cantora: http://www.siamusic.net/
Pelo que parece, Sia está muito mais alegre no novo trabalho. Mas uma coisa não mudou: as músicas que ouvi são ótimas! O CD tem grandes chances de se tornar o melhor dela. Só quando lançar é que vamos ver se "she has changed for the better" também!



Clique aqui para saber sobre a Sia - contribuições, duetos, covers, etc.

Termino com uma fala da Sia, na época do lançamento de “Colour the Small one”:

“Eu não quero ser uma superstar [...] É emocionalmente muito estressante; sessões de fotos sempre me fazem querer uma cirurgia plástica. Eu só queria escrever um álbum que fosse eu: uma pequena, estranha e necessitada ‘freak’”.
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UPDATE:
No último dia 19, Sia lançou um novo clipe, da música Clap Your Hands, presente no CD We Are Born, que sairá me junho. Segue o clipe:

terça-feira, 13 de abril de 2010

Armários Vazios

Quando uma criança nasce, se é menino usa azul; se é menina, rosa. Rapazes brincam com carrinhos; gurias, com bonecas. Homens jogam futebol, falam de política e sexo; mulheres cozinham, cuidam da casa e dos filhos. O sexo masculino tem que gostar do feminino; e a figura feminina necessita de uma masculina. Superficialmente, este é o paradigma, a regra, o considerado padrão correto, aceitável e digno. Mas e quando alguém não se identifica com o que é comum para a maioria?
Toda vez que um menino quer um brinquedo rosa ou quer brincar de casinha, os adultos já dizem “Isso não é coisa de homem!” – ele percebe que não pode gostar de algumas coisas. Toda vez que, na Educação Física, um rapaz quer jogar queimada, ao invés de futebol, e o professor não deixa – ele é obrigado a se encaixar em um grupo com o qual não se identifica. Toda vez que uma mulher fala que algum artista (digamos, Jake Gyllenhaal) é um “deus grego”, e o gay não pode falar o que pensa (“Concordo plenamente. Que homem gostoso!”) – ele tem receio de se expressar. Nas citadas situações e em milhares de outras, a cada mínima coisa fora do que é “comum”, o ser humano (antes de tudo!) gay é empurrado para um armário escuro, solitário, frio e aterrorizante.
Já pensou se você não pudesse fazer o que gosta, falar o que pensa, se vestir como quer, viver como deseja, amar quem você ama – enfim, não pudesse ser você mesmo? Você se anularia, parcial ou completamente, para se encaixar ao que a sociedade considera “natural”, “normal”, “correto”? Ou você preferiria ter o rótulo de “abominação”, ser o que é, e tentar mudar o pensamento geral da sociedade por meio da sua conduta de vida?
Há mais de 15 dias, o cantor Ricky Martin assumiu que é homossexual, depois de 38 anos de vida e mais de 25 anos de carreira, desde que entrou no extinto grupo Menudos. Este não é um caso isolado. Cantores e atores disseram ser gays ou bissexuais nos últimos tempos (Não "fim dos tempos"!). E, neste ano, vimos o considerado “BBB Colorido”. Ouço muitos afirmarem: “Nunca houve tantas ‘bichas’ no mundo?” Ou, pior: “O mundo está perdido mesmo!”
Acredito que a proporção de homossexuais no planeta é a mesma. Não li sobre nenhuma estatística oficial que prove que os gays estão dominando o mundo. O que está acontecendo é: Os armários estão ficando vazios! Para o desespero dos homofóbicos.
Todas as pessoas deveriam se colocar no lugar dos gays. (O ideal mesmo seria haver uma mágica em que, literalmente, fosse possível trocar de pele e sentimentos, pelo menos por 24 horas). Ninguém faz idéia de como é viver dentro do armário, a não ser quem está ou esteve lá.
Desde que me assumi (por etapas, ao longo dos quase últimos dois anos), todo dia luto para não voltar a entrar nessa “prisão emocional”.
A primeira etapa – tirar um pé do armário – é a autoaceitação. Demorei 16 anos para falar, pela primeira vez, a outra pessoa as três palavras mágicas: “Eu sou gay!”. Sempre soube o que era e o que queria, mas, mesmo assim, não foi fácil me assumir. Há pessoas que com 12 anos já são totalmente resolvidas. Quanto antes, melhor! O problema é que muitas pessoas sofrem sozinhas, caladas, pensando serem as únicas no mundo a ter aquela “doença”, “maldição”. Atualmente, temos a internet, que pode ser um dos motivos de tantas pessoas saírem do armário, já que conversar com outros iguais, trocar informações e conhecer novos amigos ou amores se tornou muito mais fácil.
Depois, geralmente, o homossexual se assume para os amigos. Mais um pezinho sai do armário. Aqui, muitas vezes, a aceitação costuma ser maior, pois cada um conhece o amigo que tem do lado, tem ideia de como será a reação dele. Porém, cada caso é um caso. Posso dizer que, quando meus melhores amigos souberam qual é a minha orientação, nossa amizade se fortaleceu sobremaneira. Amigos verdadeiros sempre ficarão do seu lado, te apoiando, aconselhando e, mesmo talvez não te entendendo, te aceitando.
Falar para a família: “Eu, filhinho/maninho/netinho, sou gay” é colocar a cara para fora do armário, com todo o perigo de levar um tapa da mamãe (que nem sempre aceita, como diz um quadro do Zorra Total), um murro do papai (‘Prefiro um filho morto!’), um cuspe dos irmãos (‘Não te conheço!’) ou puxão de orelha da avó (“Quer me matar logo, né?!”). Mesmo em situações onde os pais sempre desconfiaram, ou em uma família liberal – Quem dera fosse como em Ugly Betty, que a mãe faz uma festa ‘Saindo do Armário’ para o filho gay –, nunca vai ser uma notícia simples. É preciso lembrar que, para eles, os sonhos de casamento, ter netos/sobrinhos/bisnetos, etc. estão indo por água abaixo. Mesmo que não seja a realidade. Contudo, é nesta etapa que se coloca o rosto para fora, para ver quem verdadeiramente está do seu lado e ver se tem apoio para sair de corpo todo ou se volta para dentro do armário.
A fase anterior pode ser a mais difícil e dramática, mas é contra esta última que se trava uma batalha durante toda a vida. Assumir-se para a sociedade é sair definitivamente do armário, de cabeça erguida. É ter coragem para correr o risco de andar pela rua e levar “pedradas” todos os dias, ouvir xingamentos, sofrer insultos, preconceito, discriminação. É ter coragem de levar o marido para a confraternização de final de ano da empresa em que trabalha. É ter a ousadia de andar de mãos dadas na rua. É ter orgulho de responder a quem perguntar: “Namorada não, namoradO!”. É solicitar no check-in de um hotel um quarto com cama de casal e não duas de solteiro. É discutir com quem dá opiniões homofóbicas. É enfrentar o medo e, por exemplo, dar entrevista, para uma revista falando sobre homossexualidade, com o nome verdadeiro e não com um fictício (coisa que fiz para o Jornal da UCB nos últimos dias – e pensei muito antes de dar meu nome real). Não é nem um pouco fácil!
Algumas pessoas me perguntaram em várias ocasiões – seja uma amiga, em relação à entrevista; seja minha mãe, quanto a me assumir para minha avó; etc.: “Por que dizer para ‘Deus e o mundo’ que você é gay? Por que as pessoas precisam saber? Por que não ficar calado? Ninguém precisa saber!”.
Não. Ninguém precisaria saber. Não quero me assumir para mostrar que sou “rebelde”, “diferente”. Muito menos, não quero “envergonhar” minha família. Mas somente quem é homossexual vai entender essa necessidade – e não uma simples vontade. Explicar para os heterossexuais o porquê sair do armário é complicado, mas o gay SENTE que deve colocar para fora o que teve que segurar dentro de si a vida inteira.
A pergunta, sobre se eu deveria usar meu nome verdadeiro ou não na entrevista, ao invés de ser “Por que dizer seu nome?”, deveria ser: “Por que NÃO dizer meu nome?”. Eu tenho vergonha de ser o que sou? Tenho medo do que vão falar de mim?
Enfrentar a vergonha e o medo, por exemplo, é sair do armário com o peito estufado, mesmo com a possibilidade de descarregarem a munição em você. Cada um leva seu tempo. Cada um demora um período para vestir o colete a prova de balas e sair gritando “Guerra!” aos homofóbicos.
Não me entenda mal. Nunca é uma decisão simples de ser tomada. Durante toda a vida, os homossexuais vão ter que lutar contra si mesmos (seus próprios preconceitos e medos) e contra o mundo (por Liberdade, Igualdade, Fraternidade, etc. – Respeito, pelo menos).
Se o mundo está perdido? Quando vejo pessoas como Marcelo Dourado ganhando o BBB, acredito que sim. O problema não é nem a pessoa que ele é, mas, como li, o que ele representa.
O mundo estará perdido até perceber que o normal não é apenas o comum; até entender que toda regra tem exceção, e que a exceção não é algo a ser eliminado, algo ruim, mas sim entender que o diferente também é natural. E, acima de tudo, quando as pessoas passarem a colocar em prática o ensinamento de Jesus: "Amar ao próximo como a si mesmo!"
Torço para que todos os que estão dentro do armário (completamente, com um pé, os dois, a cabeça e/ou o tronco) tenham o discernimento de saber qual é o melhor momento para se assumir, tenham a bravura suficiente para deixar esses armários vazios e, de preferência, só tornem a enchê-los com todo o preconceito, discriminação, ódio, medo e desrespeito que há na sociedade. Por fim, que todos os gays tranquem o armário, com todos os males dentro, para todo o sempre e joguem a chave fora.

There's a "he" wolf in the closet
Open up and set "him" free
There's a "he" wolf in your closet
Let it out so it can breathe

segunda-feira, 29 de março de 2010

Memórias Reveladas

No dia 29 de março de 2010, por volta das 16h (horário de Brasília), Ricky Martin postou uma citação de Martin Luther King Jr., em seu twitter (@ricky_martin): “Nossas vidas começam a morrer no dia em que calamos coisas que são verdadeiramente importantes”.*
Minutos depois ele fez um novo tweet, intitulado “Minha vida”*, com um link que era redirecionado para seu site oficial. Quem acessar a página encontrará a seguinte mensagem:

“Nos últimos meses, me dei a tarefa de escrever minhas memórias. Um projeto que sabia ser verdadeiramente importante para mim, porque, desde que escrevi a primeira frase, me dei conta que seria a ferramenta que ajudaria a libertar-me de coisas que vinha carregando há muito tempo. Coisas que pesavam muito. Escrevendo este minucioso inventário da minha vida, me acerquei das minhas verdades. E isto é de se celebrar!
Se existe um lugar que me completa, porque estremece minhas emoções, é o palco - é o meu vício. A música, o espetáculo, o aplauso, estar em frente a um público me faz sentir que sou capaz de qualquer coisa. É um tipo de adrenalina e euforia que não quero que deixe de correr pelas minhas veias jamais. Se vocês, o público e a musa me permitem, espero seguir nos palcos muitos anos mais. Porém hoje, a serenidade me leva a um lugar muito especial, de reflexão, compreensão e muita iluminação. Sinto-me livre! E quero compartilhar isto.
Muita gente me disse que não era importante fazer isto, que não valia a pena, que tudo pelo o que trabalhei e tudo o que havia conseguido se colapsaria. Que muitos neste mundo não estariam preparados para aceitar minha verdade, minha natureza. E como estes conselhos vinham de pessoas que amo com loucura, decidi seguir em frente com minha “quase verdade”. MUITO RUIM. Deixar-me seduzir pelo medo foi uma verdadeira sabotagem à minha vida. Hoje me responsabilizo por completo por todas minhas decisões, e por todas minhas ações.
E se me perguntarem no dia de hoje: “Ricky, de que você tem medo?” Eu responderia: “Do sangue que corre pelas ruas dos países em Guerra, da escravidão sexual infantil, do terrorismo, do cinismo de alguns homens no poder, do sequestro da fé”. Porém medo da minha natureza, da minha verdade? NÃO MAIS! Pelo contrário, estas me dão valor e firmeza. É justo o que necessito para mim e para os meus, ainda mais agora que sou pai de 2 criaturas que são seres de luz. Tenho que estar à sua altura. Seguir vivendo como o fiz até hoje, seria opacar indiretamente esse brilho puro com o qual meus filhos nasceram. JÁ BASTA! AS COISAS TÊM QUE MUDAR! Estou certo que isto não significa que aconteceria há 5 ou 10 anos atrás. Isto significa que aconteceria hoje. Hoje é meu dia, este é meu tempo, meu momento.
Que acontecerá de agora em diante? Quem sabe. Somente posso me focar no que estou vivendo agora. Estes anos em silêncio e reflexão me fortaleceram e me recordaram que o amor vive dentro de mim, que a aceitação a encontro em meu interior, e que a verdade só traz a calma. Hoje, para mim, o significado de felicidade toma outra dimensão.
Foi um processo muito intenso, angustiante e doloroso, mas também libertador. Juro a vocês que cada palavra que estão lendo aqui nasce de amor, purificação, fortaleza, aceitação e desprendimento. Que escrever estas linhas é a aproximação à minha paz interna, parte vital da minha evolução. Hoje ACEITO MINHA HOMOSSEXUALIDADE como um presente que me dá a vida. Sinto-me bendito de ser quem sou!

RM”*

Que o Ricky seja inspiração para muitas outras pessoas se aceitarem como são e serem verdadeiramente felizes. Que ele seja exemplo do que é passar anos tentando esconder o que se é, sem nunca alcançar a paz interior – e que muitos não precisem passar por isso para perceber a realidade. Porque, antes de tudo, o Ricky continuará a ser essa pessoa abençoada, que alegra nossas vidas com sua música, e que busca transformar, por meio de seus inúmeros trabalhos sociais, o mundo em um lugar melhor.
Parabéns, Ricky, por dar este importante passo na sua vida! Todos os seus fãs continuarão a te amar, ou melhor, passaremos a te amar mais ainda, porque agora te vemos como você realmente é! Que Deus te abençoe!

Life, it's the only thing that you get for free
Free is what we all want to be


* Tradução livre do espanhol para o português.
Fonte: @ricky_martin my life- my vida: http://bit.ly/rmlife

sábado, 27 de março de 2010

Filmes 2010 – Take 1

Quem não me conhece, ao ler o meu blog até o presente momento, verá que adoro viajar, mas, curiosamente, não têm noção de outro vício meu, do qual não consigo me abster. Curiosamente, porque até mesmo eu me pergunto o motivo de tanta demora até este primeiro post. Minha droga é o cinema!
Nada como, em um momento de stress, ou por pura diversão, injetar um pouco (ou muito, dependendo do “entorpecente”) de emoção, terror, suspense, diversão, romance; e ingerir pequenas substâncias brancas (leia-se pipoca) com líquidos corrosivos (não chega a ser soda cáustica, é a Coca-cola mesmo). E ficar “doidão”!
Algumas vezes, a “viagem” é tão grande, que rimos de qualquer coisa, até mesmo da Paris Hilton morrendo na Casa de Cera (aquilo era para rir, estou certo?!). Em outras horas, baixa o espírito de um gênio e filosofamos sobre coisas profundas. Podemos acabar desidratados de tanto chorar. Ou, dependendo do espírito, queremos mesmo é ver “o bicho pegar” e sangue para todo lado. “Jigsaw wanna play a game”.

Uma das minhas resoluções para 2010 é ver, no mínimo, 150 filmes – o que dá três filmes por semana, durante todo o ano. Parece fácil, mas não é. Até agora estou cumprindo. No próximo post, você confere os 11 filmes (não consegui retirar um para formar o Top 10) que vi até agora e que mexeram comigo de alguma forma.

*Os filmes que cito, eu ASSISTI em 2010, mas eles não foram lançados, necessariamente, neste presente ano.

1º - Inglourious Basterds (Bastardos Inglórios) (2009)
Filme de Quentin Tarantino.
Lançado no Brasil em outubro de 2009.
Concorreu a 8 prêmios Oscar, incluindo Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Fotografia e Melhor Roteiro Original.
Christoph Waltz ganhou vários prêmios em diversos festivais pelo mundo, incluindo o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante, pelo papel do Standartenführer (Coronel) Hans Lada, conhecido como “O Caçador de Judeus”.
O primeiro filme que vi do Tarantino – Sim! Eu não vi AINDA Pulp Fiction. Somente vi O Albergue 2, que é um dos roteiros dele – foi o melhor longa nestes três primeiros meses do ano. (Vamos ver até dezembro.) É um filme genial, que conta uma nova versão da história de Hitler, na qual os judeus (Bastardos Inglórios) são os perseguidores dos nazistas, na França. A fotografia é belíssima. Podemos perceber isso principalmente nas primeiras cenas do filme, em que Hans Lada visita a casa de um camponês, atrás de uma família judia desaparecida. A tensão é palpável. Shosanna (Mélanie Laurent) é uma mártir. E quem duvida do italiano fluente do Tenente Aldo Raine (Brad Pitt) – “Buongiorno”? Definitivamente merecia ganhar o Oscar de Melhor Filme!
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2º - A Single Man (Direito de Amar) (2009)
Filme de Tom Ford.
Lançado no Brasil em março de 2010.
Colin Firth concorreu ao Oscar de Melhor Ator.
A pergunta, que eu e alguns amigos nos fizemos ao final da exibição, foi: como esse filme somente concorreu a uma única categoria no Oscar? E, com todo respeito ao merecido Jeff Bridges, ainda perdeu? Pergunto-me se não foi pelo fato do diretor ser um renomado estilista e estreante na 7ª Arte. A verdade é que o filme é lindíssimo. E, para alguns críticos, este é justamente o problema da película – ser bonita demais, ao ponto de tirar a atenção da história. Contudo, se ao menos a beleza é incontestável, como não concorreu ao Oscar de Melhor Fotografia? É melhor eu parar com minhas indignações por aqui. Ao meu ver, a história não ficou em segundo plano, e o Colin, no papel de George, fez um trabalho de extrema sutileza e profundidade. Muitos dizem que ele nunca mais chegará a esse patamar. Julianne Moore também está estonteante no filme (e também ignorada pela Academia). O novo queridinho Nicholas Hoult, no papel de estudante universitário, é uma promessa. Impossível não se comover com a história desse amor – quem julga por ser gay? –, com a dor do protagonista e não pensar sobre perda, sobre morte. Destaco o jogo de iluminação que existe no filme, o que é bastante interessante e inovador. Tudo realmente é absolutamente lindo. Somente não foi “lindo” o Oscar não ter reconhecido isso.
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3º - Up in the Air (Amor sem Escalas) (2009)
Filme de Jason Reitman.
Lançado no Brasil em janeiro de 2010.
Concorreu a 6 Oscars, incluindo Melhor Filme, Melhor Ator, Melhor Roteiro Adaptado e teve duas atrizes entre as concorrentes a Melhor Atriz Coadjuvante.
É um filme controverso. Não em relação à sua qualidade técnica – alguém duvida? Mas quanto à temática mesmo. Muita gente não gostou do filme. Eu já achei genial. Mas concordo que foi um pouquinho longo demais, porém não fiquei cansado. O problema em relação à história é que não é algo aparentemente interessante (o trabalho de Ryan Bingham – George Clooney – é demitir as pessoas) e, em sua maior parte, não é otimista. Contudo, é justamente isto que torna o filme tão único e especial. Vera Farmiga, como Alex Goran, e Anna Kendrick, como Natalie Keener, foram super competentes. Uma amiga nunca viu tamanha comoção no cinema como quando um segredo envolvendo a primeira é revelado. E o choro da segunda é memorável. O filme discute sobre relacionamento e conexões. Nem preciso dizer que a Academia vacilou em não dar, ao menos, o Oscar de Melhor Roteiro. Va-ci-lou!

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4º - (500) Days of Summer ((500) Dias com Ela) (2009)
Filme de Marc Webb.
Lançado no Brasil em novembro de 2009.
Pode até chegar a ser considerada apenas mais uma comédia romântica, porém ela é mais do que isso – ao menos, está acima da média. O filme começa alertando que é uma história em que um garoto (Tom Hansen – Joseph Gordon-Levitt) conhece uma garota (Summer Finn – Zooey Deschanel), mas não é uma história de amor. Um dos questionamentos principais é: as situações determinantes nas nossas vidas acontecem por destino ou coincidência? Apesar de não concordar muito com a conclusão final, mexeu muito comigo. Com bons atores, boa trilha sonora, boa montagem e bom roteiro, claro, o filme surpreende e encanta. O importante é saber que, destino ou coincidência, as situações continuam a mudar, como as estações.

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5º - An Education (Educação) (2009)
Filme de Lone Scherfig.
Lançado no Brasil em fevereiro de 2010.
Concorreu a 3 Oscars – Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Atriz.
Garota se apaixona por cara bem mais velho. Envolvem-se e ela larga tudo por ele. Parece um roteiro batido, mas a perfeição das atuações, com destaque para a protagonista Carey Mulligan, como Jenni – e todos os outros coadjuvantes não ficam para trás –, detalhes do roteiro e boa direção fazem do longa um filme memorável. Interesses e sonhos estão em jogo, e todo mundo quer dar um pitaco no rumo da vida da Jenni. O playboy mais velho, David (Peter Sarsgaard), é peça-chave para as decisões da jovem estudante.

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6º - The Hurt Locker (Guerra ao Terror) (2009)
Filme de Kathryn Bigelow.
Lançado no Brasil em fevereiro de 2010.
Concorreu a 9 Oscars e venceu 6, dentre eles Melhor Filme, Roteiro Original e Montagem.
Bigelow foi a primeira mulher a ganhar o prêmio de Melhor Diretora.
Sem dúvidas o filme é muito bom e perfeito na parte técnica. Contudo, para mim, não merecia ganhar o prêmio de Melhor Filme do ano. O frisson todo aconteceu porque a diretora era concorrente do seu ex-marido, James Cameron, diretor de Avatar. Jeremy Renner, na pele do Sargendo William James, fez um ótimo trabalho. O filme, que conta a história dos soldados especializados em desarmar bombas, é tenso do começo ao fim. A qualquer momento a bomba pode explidir. Qualquer um pode ser terrorista. Mesmo tendo ótimas cenas, ainda não consegui engolir esse prêmio.

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7º - Avatar (2009)
Filme de James Cameron.
Lançado no Brasil em dezembro de 2009.
Concorreu a 9 filmes e venceu 3 – Direção de Arte, Fotografia e Efeitos Visuais.
Dizer que é a maior bilheteria da história do cinema é pouco? 12 anos depois de estreiar Titanic, o penúltimo filme do diretor e, até então, a maior bilheteria, Cameron voltou com essa perfeição em terceira dimensão. O visual do filme é emudecedor. As imagens de ação em 3D são de tirar o fôlego. E toda a parte criativa e de arte do filme é irrepreensível. Contudo, pensando apenas na parte “física”, a parte “intelectual” ficou esquecida, refletindo em um roteiro batido – exatamente o que tirou o posto de Melhor Filme. A história pode até ser moderninha (exploradores capitalistas que destroem a natureza sem dó), mas todo mundo também já viu o colonizador se apaixonar pela nativa. Nós é que dizemos: Tenha dó!

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8º - Sherlock Holmes (2009)
Filme de Guy Ritchie.
Lançado no Brasil em janeiro de 2010.
Concorreu a 2 Oscars.
Robert Downey Jr. (Sherlock) e Jude Law (Dr. Watson) não poderiam ter formado melhor dupla de investigadores. A direção de arte do filme é muito boa e mereceu ter recebido a indicação da Academia, assim como a trilha sonora. Guy conseguiu, por meio de inúmeros ensaios, fazer cenas milimetricamente compassadas. Inúmeros momentos engraçados são garantidos. E como uma cena (imagem) vale mais do que mil palavras: a cena da explosão dos barris não poderia ter ficado mais perfeita. Nada melhor para os olhos!

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9º - The Blinde Side (Um Sonho Possível) (2009)
Filme de John Lee Hancock.
Lançado no Brasil em março de 2010.
Concorreu ao Oscar de Melhor Filme.
Sandra Bullock, desbancando Meryl Streep, ganhou o prêmio de Melhor Atriz.
É bem capaz de você já chorar no trailer. Entretando, o filme não é tão melancólico quanto parece. Também não é tão fantástico quanto parece. O grande trunfo está na interpretação da Sandra Bullock, e prova que uma boa atriz interpreta até mesmo papéis “simples”, sem personalidade bem marcada. Claro que Leigh Anne Tuohy na vida real não é qualquer mulher – a história dela é uma lição e nos mostra o poder da família. Eis o encanto da película: saber que tudo aquilo aconteceu de verdade. Um filme em que o preconceito não tem vez. Temos muito o que aprender com esses exemplos de vida.

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10º - Prayers for Bobby (Orações Para Bobby) (2009)
Filme de Russell Mulcahy.
Lançado na TV estadunidense em janeiro de 2009.
Sigourney Weaver concorreu a 4 premiações pelo seu papel, incluindo Melhor Atriz em Filme para TV, no Globo de Ouro.
Este é um filme para a televisão que fala sobre homossexualidade, igreja, crenças e família. Baseado em fatos reais, talvez nem seja interessante ler ou ver o trailer – a não ser que não se importe em conhecer o desfecho da história. Infelizmente, não é possível encontrar o filme no Brasil, mas dá para fazer o download pela internet. A história aborda basicamente o relacionamento entre Bobby Griffith (Ryan Kelley) e sua mãe Mary Griffith (Sigourney Weaver). Em muitos momentos chocantes, o filme emociona profundamente – impossível não chorar (muito!). Faz-nos refletir sobre o fanatismo religioso, respeito à diversidade e amor, acima de tudo.

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11º - Shutter Island (Ilha do Medo) (2010)
Filme de Martin Scorsese.
Lançado no Brasil em março de 2010.
Ok. Não se trata exatamente de uma história original e o roteiro tem, sim, algumas falhas. Talvez pela minha falta de expectativa, acabei me surpreendendo bastante. Leonardo DiCaprio interpreta o policial federal Teddy Daniels que vai para a citada ilha investigar o (suposto) desaparecimento de uma paciente louca. Todo mundo pode não ter se surpeendido com a primeira virada da história, mas é justamente o desfecho (muito bom!) que me fez acrescentar este filme na minha lista. Ele conseguiu fazer com que eu ficasse na dúvida em relação ao personagem e, quando tudo foi revelado, realmente eu não esperava. A cena em que o Teddy encontra a esposa e os filhos em casa é bem forte. E a última fala do filme é estarrecedora. Sobre o Martin Scorsese? Ele nem precisa de comentários. Sempre é ótimo no que faz!

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quinta-feira, 18 de março de 2010

SP Third Time + Guarapa

Visitei Guarapari - ES, pela quarta vez, entre dezembro e janeiro, e fiquei 19 dias fora, na praia, com minha família (pais, irmão e avós). Aproveitei para conhecer Vila Velha (duas praias, Convento da Penha, Fábrica da Garoto e shopping) e Vitória (feirinha e shopping). Foi uma viagem mais para descansar e realmente não fazer nada. No Natal fizemos um churrasco no condomínio e Ano Novo foi na praia do Morro, com direito a parquinho de diversões. O condomínio que ficamos é muito bom e final de ano enche muito. A piscina ficava cheia de corpos jovens e bonitos – adorava ficar lá tomando banho de piscina ou apenas lendo um livro.
As praias que recomendo em Guarapari, na ordem das que mais gostei, são:
- Praia dos Padres: entre Nova Guarapari e Meaípe, é uma praia pequena, dentro de uma propriedade particular. Em algumas épocas é bastante freqüentada por surfistas. É linda! Foi nessa praia que tenho uma das minhas melhores lembranças da viagem.
- Praia do Morro: a principal de Guarapari e a mais badalada. Se você gosta de gente, esse é o lugar! Dependendo do dia, tem ótimas ondas. E no final direito da praia tem uma trilha bem legal, que leva a outras praias e a umas pedras!
- Praia dos Castelhanos: depois de Meaípe. Fui por dois dias. Em um deles, a água estava bem parada, no outro dia, eu peguei as maiores ondas de toda a viagem. A praia é ótima!
- Praia de Peracanga: em Nova Guarapari, é um pouco mais familiar, mas bem bonitinha. Tem dia que enche também. Na ponta esquerda da praia, onde tem mais ondas, avistei uma tartaruga nadando perto de mim.
- Praia de Bacutia: ao lado da anterior, é o point dos jovens e bonitos! Simples assim. Todas as pessoas bonitas de Guarapari estão nessa praia.
- Praia de Setiba: no caminho para Vitória. É bem cheia, mas bem legal também!


Em fevereiro, fui à São Paulo pela terceira vez, com mais dois amigos de Brasília – Thyago, viajante e participante da comunidade do Eber, e Stênio. Os motivos eram três: ir a uma boate, ir ao show da Beyoncé e ir ao Hopi Hari.
Na ida, de ônibus, eu e Thyago passamos por uma situação terrível: nosso ônibus foi assaltado. Na verdade, a maioria dos ônibus está sendo assaltada entre o final de GO e MG. Não vou relatar o acontecido, mas me levaram celular, relógio, câmera fotográfica, dinheiro e mochila – restaram as roupas. Ninguém se feriu e os ladrões foram até gente boa, tratando todo mundo bem e deixando cartões, documentos, cheques, chip’s de celular, etc. Tirando o susto e o fato de ter que fazer uma pequena dívida pra curtir a viagem, tudo deu certo. Fiz tudo o que queria.
Na sexta-feira, dia em que chegamos, fui direto para o albergue Casa Club Hostel Bar (Vila Madalena. R$35 a diária – com um bar embaixo bem badalado), que era o hostel mais próximo do Morumbi (40min de ônibus) e em um dos melhores bairros (amei a Vila Mada!), a 1km da boate que fomos. Depois de tomar um banho e comer, fui buscar meu ingresso do show no Shopping Morumbi e conhecer o caminho até o estádio Morumbi. Acabei encontrando o Thyago no final da tarde, pois foi buscar o ingresso também. À noite, quando o Stênio chegou, fomos fazer nosso primeiro programa – ir à boate gay Bubu. A melhor de São Paulo! O lugar é simplesmente fantástico e nenhum lugar em Brasília chega perto de lá. São duas pistas bombantes (uma pop e outra eletrônica), além do lounge. Ficamos de 1h às 4h dançando sem parar. Não vejo a hora de voltar. Dica: na Sexta Fun! a entrada custa R$40 – eu e o Stênio consumimos pouco e na saída cobraram somente o valor da entrada. Achamos o máximo. “Eles nem viram o que consumimos!” Viemos a descobrir depois que era 40 reais “consumação” – poderíamos gastar até esse valor em bebidas! Isso é o que dá ser da roça e não freqüentar baladas que prestem! Obs.: foi a primeira boate que fui na vida! Comecei com o pé direito, definitivamente.
Sábado foi dia de show da Beyoncé. Cheguei ao estádio às 9h30 da manhã, sozinho, já que não tinha notícias do Thyago e o Stênio tinha ido buscar o ingresso dele. Logo fiz amizade na fila com um pessoal de SP mesmo. O que eu fiquei triste é que a fila estava enorme, bem diferente de quando fui ao show da Madonna. Depois de horas debaixo de um sol escaldante, às 15h, abriram os portões para entrar no estádio. O primeiro terço da Pista é insuportável, muito apertado e, debaixo do sol, estava terrível – só vale a pena se estiver perto da grade. O Stênio desistiu e foi para trás, e acabei indo também quando o Thyago chegou. Eis que nossas preces foram atendidas e o sol sumiu. Um chuvisco seria ótimo! Mas não. A prece de 60 mil pessoas pedindo um chuvisco gerou uma tempestade! O chão inundou, telões foram destruídos – eu JUREI que o show fosse ser cancelado! Então resolvemos nos abrigar dentro do estádio. Meus amigos de fila, que hora nenhuma arredaram o pé da muvuca, nem debaixo de chuva, acabaram chegando à grade da Pista. Inveja! Meia hora antes de o show começar, depois de torcer toda a roupa e da chuva ter parado, Eber e Jenni finalmente chegaram e fomos para o gramado. Acabamos ficando no meio da Pista e vimos todo o show pelo telão, basicamente. Ivetinha abriu o show, mas nem deu para prestar muita atenção, pois os telões ainda estavam sendo arrumados e nós procurávamos um bom lugar. O que falar do espetáculo da Beyoncé? É fantástico como deveria ser o show de uma diva! Só perde para Madonna e Kylie. Ela é a negra mais linda que já vi, com altas caras e bocas, e a melhor dançarina, sem falar na voz arrasadora. As melhores partes para mim foram os interludes de Sweet Dreams e Single Ladies (que mostra vários fãs dançando, além de famosos como o Justin Timberlake e Obama); as músicas Radio, Get me Bodied, Diva... Bem, todas! Em um dos vídeos, mostra-a criancinha cantando – desde pequena uma artista. Eu queria que me tivesse acontecido uma dessas quatro coisas:
1- Estar no corredor, dentro da área Vip, por onde ela passa para ir ao palco separado, e pegar na mão dela!
2- Que ela me perguntasse “What’s your name? [...] What’s my name?” e ter respondido “Beyoncé, girrrrrl!”. Além de ganhar uma toalhinha com o suor dela.
3- Que ela me visse, na parte que começa a descrever alguns fãs, por exemplo: “I see you... with your white T-shirt and a brazilian flag in your hand...”.
4- Ser meu aniversário, para que ela cantasse Happy Birthday to me...
Por fim, no domingo, boa parte dos meus amigos da comunidade ‘Eber, quero fazer um mochilão’ se encontrou para um Orkontro no Hopi Hari! Outro sonho realizado. Foi um dia fabuloso, em que nos divertimos muito em brinquedos como a Torre Eiffel (que o Stênio jura que nunca mais vai na vida), com seus 69 metros de queda em 3 segundos; Montezum, a maior montanha-russa de madeira da América Latina; Looping, unanimidade para todos; e, como não poderia deixar de ser, o Skycoaster – 53 metros de altura, 20 metros de queda livre, com velocidade que chega a 120km/h e passa a 2 metros do chão. Loucura total! Eu quase morri do coração, mas valeu a pena! O dia terminou na pizzaria que foi o primeiro lugar que sai em SP.
Lu, Clayton, Isa, Deise, Lu de Melo, Eber, Gus, Vana e Elvis – adorei rever alguns de vocês e conhecer alguns de vocês! Obrigado por toda a ajuda (incluo aqui também a Manu, que mesmo não a vendo, ligou pra mim). Espero voltar em breve e passar mais um dia maravilhoso na vossa presença!