quinta-feira, 7 de maio de 2009

Maldita velha tecnologia

A tecnologia veio para possibilitar mais uma evolução da escala humana: surge o homo digitalis. Ele tem tudo a seu dispor sem muito esforço, basta alguns cliques ou dígitos e, “tcharam”, o que deseja está pronto. Não precisa sair de casa para estar do outro lado do mundo, não precisa conhecer para namorar, e não precisa ter conhecimentos, necessariamente, para se destacar no mundo digital. Em qualquer lugar, em qualquer momento, pode-se ter acesso a uma gama ilimitada de recursos.
Todavia, essa maravilhosa tecnologia tem seu revés. Hoje ela é, amanhã não é mais. O que há poucos meses surgiu como uma novidade, logo se tornará obsoleto. O prazo de validade de toda essa inovação é curtíssimo. Azar dos pobres mortais que não tem condições, principalmente financeiras, de acompanhar todo esse desenvolvimento.
Umas evoluções são mais fáceis de ser substituídas do que outras. Não é o caso de trocar um computador por inteiro, por exemplo. O que acontece mais comumente é uma troca gradual das peças e hardwares da máquina. E quem pode, anda preferindo trocar o PC por um notebook – mais portátil.
Vez ou outra, ainda se encontra uns heróis de guerra, raridades que já deviam fazer parte de um museu, ou de um lixão. A última peça antiquada que posso citar é uma CPU sem entrada para pendrive. Isso mesmo, SEM entrada para pendrive, apenas para disquete. Como isso ainda pode existir? Uma pergunta um pouco mais radical seria: Qual homo digitalis continua a usar disquetes?
Estes dispositivos com armazenamento removível são itens facilmente cambiáveis, mas algumas pessoas continuam a ser (não é possível que seja por opção) homo sapiens, que de sapiens não tem nada. Porque na era dos pendrives de 16GB, uma pessoa sensata não continuaria a usar um disquete de 1,38MB.
Mas voltando ao “computossauro”, vulgo computador pré-histórico, é preciso tomar cuidado, não ignorar seu poder de destruição. Parece que por ter sido renegado pela nova geração, ele se torna vingativo. E são em situações em que o homo digitalis tem de enfrentá-lo, obrigado, é claro, que ele mostra todo o seu poder.
A peça rara tem suas armadilhas, como dito, a falta de uma entrada para pendrive é uma delas. Isso te induz a ter de recorrer a outras opções, nem tão confiáveis. O bote está armado.
Uma das razões da evolução tecnológica é maior qualidade e segurança. Ou seja, valendo-se de um disquete, ao invés de um backup pelo e-mail, por exemplo, você está por sua conta em risco. Um pouquinho de falta de sabedoria faz parte da receita do desastre, mas não é determinante.
Depois de horas de trabalho árduo, pesquisa, “malhação” do texto, chega a hora de salvar o bendito arquivo. Introduz-se o, também bendito, disquete, depois de um desenterro, claro. Clica-se em “salvar como”. Finaliza-se a operação e pronto. O querido texto está salvo. A salvo de qualquer intempérie, acredita a vítima. Ledo engano.
O desespero surge ao tentar abrir o arquivo, horas depois, em um computador “de verdade”. Mais uma vez, introduz-se o bendito disquete. Clica-se em “abrir” e pronto. “CADÊ O MEU TEXTO?”.
O homo digitalis que nunca passou por algo parecido que atire o primeiro mouse. Nesse momento, o homem primitivo vem à tona, perde-se a razão e são os instintos que comandam. O palavrão se liberta da boca, a vontade de matar quem inventou essa “porcaria” brota no peito. Mas como diria Dona Edith, personagem do stand up Terça Insana: “Quê covô fazê? Vô matá? NÃO! Vô inducá, vô inscrarecer!”. Porque só através de uma educação digital, e melhores condições sociais, é preciso deixar claro, é que todos os homens sapiens finalmente evoluirão. E, para minha paz, não existirá mais essa maldita velha tecnologia. Em especial, disquetes.

Crônica em homenagem à minha querida, e perdida, resenha feita para a matéria de Técnicas de Produção Jornalística 3, no segundo semestre de 2008.

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