domingo, 10 de abril de 2011

Ah, o Amor! [3/10]

SONHOS CONJUNTOS

“Eu não preciso de mais nada na minha vida. Se tenho você, tenho tudo!”

O-lha-que-ro-mân-ti-co-gen-te?! Quem diz isso ama mais do que qualquer outro ser vivo, só pode! Mas a pergunta é: abrir mão da própria vida por outra pessoa é amor ou burrice? Vale mesmo a pena? Se você respondeu “sim” sem pensar, seu caso é burrice! Se estiver considerando a questão, sua situação é mais tranquilizadora.

Quanto mais alto é o sonho, mais dificuldades você terá para encontrar um amor. A não ser que tenha muita sorte. Isto acontece porque a regra, o sonho geral, é a busca por acomodação e estabilidade. Se os planos de vida de alguém não dão destaque a essas duas palavras, somente outra pessoa parecida conseguiria entender, aceitar e incorporar essa vida alternativa. Aqui não julgo se uma é melhor do que a outra – são apenas diferentes, cada uma com seus prós e contras.

Caso seus sonhos sejam sobrenaturais, ou seja, acima do que é considerado natural – talvez a ponto de as pessoas os considerarem ilusórios –, você sabe muito bem a dificuldade que é encontrar um amor para a vida. Sim, porque se você quiser relacionamentos com data de validade, não haverá problemas para encontrar. E muita gente é deste tipo: "Vamos ficar juntos até onde der!”, ou “Vamos viver cada dia de uma vez. Não sabemos o que o amanhã nos reserva”, ou ainda “Tem tanta água para passar por debaixo desta ponte. Nossos sonhos não combinam agora, mas podem combinar no futuro”. Se funciona para você, ótimo.


Conciliar sonhos – eis o necessário para um relacionamento ser duradouro. A pessoa ideal será aquela com quem é possível conciliar os sonhos e formar um futuro em conjunto. Muitas questões devem ser discutidas, como os planos de vida (Casar? Ter filhos?) e os desejos profissionais (principalmente se seu trabalho exige mudança periódica de cidades).

Pode parecer irrelevante, mas são as respostas às perguntas aparentemente mais banais que irão determinar a longevidade de uma relação. Uma pessoa comum (no sentido de pensar como a maioria) tem as respostas claras: quer continuar a morar na cidade em que está, quer ter uma festa de casamento, e um ou dois filhos. Isto é o considerado natural. A diferença da pessoa incomum é que ela tem desejos muito claros e fortificados. Exemplos: detesta casamento, quer morar sozinho, não gosta de crianças, pretende ter inúmeros animais de estimação, sonha em viver no exterior, dentre outros. Agora ache alguém parecido! Você irá encontrar, mas provavelmente com mais dificuldade. Repito: a não ser que você tenha sorte ou conheça uma simpatia das fortes. [Se sabe de alguma, por favor, compartilhe com os leitores do blog!]


Os seus sonhos devem moldar-se aos sonhos de seu parceiro. Ambos precisarão ceder em algum momento – em qualquer relação, mesmo nas cômodas e estabilizadas. O ideal é buscar, dentre seus desejos, aqueles que podem ser conciliados. Possivelmente será preciso adaptar seus sonhos, mas é imprescindível que os dois cheguem a um ponto em comum – aquele em que os dois sonhos individuais se tornam um único sonho.

Mais do que embarcar nos sonhos alheios, interesse-se e acredite neles e no seu companheiro. Não adianta mudar sua vida e ficar insatisfeito com ela, ou pensar que tudo vai dar errado uma hora ou outra. Compre a ideia e aposte nela!


É egoísmo, todavia, não desistir de seus sonhos por alguém que você ama? Significa que você não ama tanto assim a outra pessoa? De forma alguma! Significa apenas que você se ama em primeiro lugar – nada mais natural e saudável. Ninguém deve abrir mão de seus principais sonhos pelo parceiro. Nunca! A chance de, no futuro, você jogar na cara do parceiro que fez o que ELE queria, e não o que VOCÊ desejava, é muito grande. Sim, porque uma hora ou outra, mesmo que inconscientemente, você vai querer ser recompensado pela sua atitude “altruísta”, e se isso não acontecer... “Ah! Seu egocêntrico filho da mãe!”... o arrependimento vai bater à porta.

Voltando à pergunta do início, se abrir mão da própria vida por outra pessoa é amor ou burrice... Provavelmente os dois. Entretanto, o ideal é que seja uma burrice deliberada. Pense muito bem nas consequências e tenha consciência de que você toma essa atitude sem ser obrigado, e de que, talvez, não tenha outras coisas em retorno a não ser a felicidade do seu parceiro. Se for suficiente, não hesite.

Ah, e sobre a frase apaixonada do começo do texto, ela somente seria verdadeira se o seu único sonho é amar o seu companheiro. Mas seja sincero – este é seu único sonho mesmo?


Observação: assista ao excelente filme “Foi Apenas Um Sonho” (Revolutionary Road, 2008, de Sam Mendes) e veja até onde sonhos conjuntos mal resolvidos podem levar um casal - apenas com o trailer já é possível refletir algumas questões.


Próximo post: Encantamentos e Paixões

Um comentário:

  1. poxa, eu sou desses que prefere confiar nos sentimentos e deixar que eles definam o curso das coisas em minha vida. Me sinto confortável assim. E se pudesse, abominaria todo tipo de regra, principalmente as ligadas aos sentimentos... isso não deveria existir. Detesto joguinhos de amor, e acho que as pessoas tem sempre que ser sinceras com aquilo que sentem e deixar sempre claro pro seu parceiro. Sem delongas...

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