domingo, 3 de abril de 2011

Ah, o Amor! [2/10]

A PESSOA IDEAL


NÃO existe pessoa perfeita. Se você espera pelo príncipe encantado, sem defeitos, vai morrer esperando. Desculpe-me ser tão direto, mas há verdades que precisam ser ditas sem rodeios, talvez para (ter mais chances de) causar algum impacto e consequente mudança. Esta constatação não é motivo para desistir dos homens (ou mulheres) e pegar o primeiro traste que aparecer na sua frente, ou aceitar quem estiver abaixo de suas expectativas, padrões de qualidade e desejos.

Existe a pessoa perfeita PARA VOCÊ, todavia. Assim, para não haver confusões, chamemos de “pessoa ideal”. Ela tem as qualidades que você aprecia e os defeitos que você tolera. Além das virtudes gerais, que qualquer um (em sã consciência) admira, como agradabilidade, educação e honestidade, para citar algumas, a pessoa ideal tem virtudes próprias, que a destacam dentre a multidão.

É muito importante conhecer os defeitos do seu “príncipe” (ou princesa, ok). Há aquelas características que são insuportáveis para algumas pessoas, da mesma forma que existem as toleráveis. O que não significa que é preciso aceitá-las. A verdade é que você sempre irá tentar mudar, às vezes brigando, aquilo que não gosta em seu companheiro – enquanto durar o relacionamento. Entretanto, se você sabe lidar com o diferente, com o que não o agrada mas é suportável, tudo fica mais fácil. E pode ser que você se surpreenda admirando esse defeito em alguma situação específica.

Ninguém muda com o tempo. De modo radical, é melhor pensar desta forma. Muitos divórcios acontecem porque uma das partes acredita que vai poder mudar o outro com o passar dos anos. Pode ser que sim. Pode ser que não. Vai querer pagar para ver? Se seu parceiro não mudou nos primeiros meses de namoro – período em que ele faz tudo para te conquistar –, não vai ser depois que você o “aceitou” que ele vai se dar ao trabalho de mudar. Não caia nessa! Repito: conheça bem os defeitos e tolere-os. Se não for o caso, parta para outra.


Beleza física põe mesa, sim. E mesmo que não ponha mesa, você não precisa comer no chão, né querido. A primeira impressão é importantíssima. Exemplo: você está em uma festa e existem duas mulheres te encarando, uma bonita e uma feia. Para qual você irá arrastar suas asinhas? Resposta óbvia. Pode ser que, ao conversar com as duas, você descubra que a feia é mais interessante, inteligente e educada. Contudo, geralmente as feias não têm chance de provar seu valor – infelizmente. E ninguém, além da natureza desprovida e da própria feia, é culpado.

A pessoa ideal é bela aos seus olhos. E é bom deixar claro aqui que beleza é relativa, por isso, “aos seus olhos”. Você deve achar seu companheiro bonito, mesmo que seja com o tempo. Vale a pena ficar com o feio com conteúdo? Não, pois você não estará se valorizando. Creia que é possível encontrar um inteligente E bonito. Lembre-se: você só vai começar a perder a visão na velhice! Se ficar com um feio, por mais que admire inúmeras qualidades, sempre saberá que a outra pessoa não é abençoada fisicamente. Porém, repito o que foi dito no último post: seja realista! Olhe-se no espelho ao julgar a beleza dos outros. Bonitos só ficam com feios por interesse (ou por baixa autoestima, como dito). Você pode até tentar, mas se, em alguns meses, continuar incomodado com as imperfeições e o outro não tentar melhorar, desista.


Os parecidos se atraem, não os opostos e nem os iguais. Pessoas idênticas podem até se dar bem. Contudo, são pessoas previsíveis, rotineiras, talvez até mesmo intolerantes, que não gostam de surpresas, do inesperado ou de serem contrariadas. Quem se apaixona por um clone é narcisista. Por outro lado, o papo de que opostos se atraem também é balela. Aliás, eles podem se atrair, mas vão se repelir com a mesma rapidez e intensidade.

Afinidades são a base da receita e as diferenças são o tempero. Os pilares da relação são as afinidades. Tudo o que é indispensável para você – seus principais valores, crenças e objetivos – deve ser também indispensável para seu companheiro. Vontade de casar e ter filhos (ou a ausência dela), as citadas virtudes gerais e locais preferidos para sair são exemplos de afinidades importantes. Caso contrário, o casal precisa de muito jogo de cintura, espaço e conversa para se entender.

As diferenças, bem, é preciso aceitá-las (perceba que não é tolerar, como em relação aos defeitos), respeitá-las e, de preferência, admirá-las. São as diferenças que farão o casal se completar. Em um quebra-cabeça, duas peças idênticas não se encaixam. Seu companheiro não deve falar tudo o que você quer ouvir, porque muitas vezes você terá que ser confrontado e ouvir umas boas verdades. É preciso alguém que te aconselhe, ajude, apóie, elogie seus acertos e reprove seus erros. Por fim, a diferença torna cada pessoa um ser individual – e interessante.

Inúmeras outras questões determinarão se uma pessoa é ideal ou não para você. Uma mais que destaco é a classe social. Eis o complexo da Cinderela – a empregada doméstica que encontra o príncipe e vira princesa. É apenas isso, gente – um conto de fadas. Pessoas de classes sociais diferentes vêm de realidades diferentes, têm sonhos, rotinas e gostos distintos, o que torna muito complicado dar certo. Não é impossível que aconteça e funcione, contudo, o rico precisa ser muito humilde e não ter preconceitos, da mesma forma que o pobre não pode ser orgulhoso ou se sentir inferior. Nem é preciso comentar os casos de puro interesse financeiro.


Admiração e confiança – estes são os dois sentimentos que determinarão se a pessoa é ideal para você ou não. Admirar e confiar são os verbos mais importantes em qualquer relação! Sem um ou outro é impossível que o relacionamento dure. Não tenha dúvidas. Não é um admirar que signifique “eu gosto disto nele”, é mais ainda. Como bem diz o dicionário, é ter “um sentimento de deleite, enlevo, respeito ante o que se julga nobre, belo, digno de amor e veneração”. Você precisa falar com orgulho de seu companheiro. Pode ser admirar características óbvias, como a genialidade ou a beleza grega, ou admirar pequenos gestos, como a forma que respira ao dormir, o buraquinho na bochecha quando sorri, ou a forma como ele te trata.

“Em namorado a gente confia e entrega a Deus”, disse sabiamente Wanessa (ex-Camargo, só para identificar). Confiar é ter fé. Quando falamos nisto, inicialmente relacionamos à fidelidade. Como você não vai ficar grudado no seu amor e não quer morrer de ciúmes, é preciso acreditar no próprio taco (ser seguro) e confiar que o companheiro não vai se render às inúmeras tentações. Mas confiança também é necessária para compartilhar a vida e os problemas, entregar-se de corpo e alma à relação, e saber que o seu companheiro é sua fortaleza, alguém que sempre estará ao seu lado quando precisar.


Encontrou a pessoa ideal para você? Que bom! Agora me diga: você é a pessoa ideal para ELA? É, querido, um precisa ser ideal para o outro. Se um não quer, dois não namoram. Às vezes, o outro é tudo o que você procura, mas você não é nada do que ele almeja. Não basta a física, a química também tem que acontecer. Caso contrário, não vai haver compatibilidade, e aí não adianta nada o que você pensa sobre a outra pessoa. Não vai rolar.

Enquanto a pessoa ideal não aparece e te considera a pessoa ideal dela, deixe de procurar pelo “príncipe azul” (aquele perfeito) e tenha fé. Em algum momento, você cantará como a Shakira: “Cansei-me de beijar sapos em vão, sem o ‘príncipe azul’ nunca encontrar. E assim você chegou, devolvendo-me a fé, sem poemas e sem flores, com defeitos e erros, mas em pé”. Queira um príncipe “em pé”!

Observação: se você pensa em continuar a buscar a perfeição, veja o filme Cisne Negro e veja onde tudo pode te levar – à loucura.


Próximo post: Sonhos Conjuntos

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