terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Ah, o Amor! [7/10]

CASAMENTO PARA A VIDA

“Você quer se casar comigo?” Eis uma pergunta que muda muita coisa. Alguns anseiam por ouvir essas palavras, outros as temem e ainda há os que não estão preparados para ouvi-las. Muitos deram uma resposta positiva e estão muito felizes. Muitos não.
O primeiro passo rumo à felicidade é receber o pedido dA Pessoa. Nunca fiz ou recebi, mas, ao que parece, é muito comum haver dúvidas. Afinal, é um passo muito grande a ser dado. Mas a indecisão se dá muito mais por medo do que por incerteza dos sentimentos. Medo de acabar não sendo a pessoa certa, medo do relacionamento conjugal não funcionar e acabar. Quantas vezes você ouviu dizer que o casamento acaba com qualquer relação? Que o casal se acomoda, o sexo esfria, o homem engorda e a mulher fica relaxada? Mas será que isso acontece com a maioria ou só com os casais que permitem?



As pessoas frustradas, geralmente, têm uma visão pessimista. É preciso estar atento aos comentários delas e não se deixar contaminar. Ao invés de mirar nos casamentos arruinados que você conhece, inspire-se nos bons exemplos ao seu redor. A instituição matrimonial não está falida como muitos apregoam. Segundo dados do IBGE, no período de 2002 a 2008, apesar de a quantidade de separações continuar estável e a de divórcios aumentar, a taxa de nupcialidade legal também só veio crescendo no país. A mesma pesquisa diz que “os recasamentos representaram, em 2008, 17,1% do total das uniões formalizadas em cartório.”
Casar, no entanto, é fácil. O difícil é manter o casamento. Antigamente, as relações pareciam durar muito mais. Talvez durassem mesmo, mas a realidade é totalmente diferente. Divórcio não era opção para as gerações anteriores. Em muitos lugares do mundo ainda não é. Ele somente foi oficialmente instituído no Brasil em 1977 – permitindo a realização da vontade de muitos casais. Comparada a 2007, a taxa de divórcio cresceu 200% em relação a 1984, segundo matéria do Estadão de SP. Essa opção é uma vitória, sem dúvidas. Ninguém deve ser obrigado a ficar com quem não se ama.


As estatísticas começam a assustar aos poucos, em contrapartida. Somando separações e divórcios, houve, em 2007, uma união desfeita para cada quatro casamentos. Isto é um pouco triste. Nas décadas anteriores, os casamentos duravam mais porque também havia mais compromisso. As uniões eram levadas mais a sério. Atualmente, a grande maioria casa com o seguinte pensamento: “Se não der certo, separo-me”. Ou seja, já começa pensando na possibilidade de terminar. E isso se dá por muitas razões, além do pessimismo.
Os cônjuges não lutam tanto para manter a relação, desistem nas primeiras dificuldades, não têm paciência e persistência para ultrapassar as fases turbulentas de qualquer casamento. O relacionamento esfria e ninguém busca reacender o fogo. Nenhuma das partes quer ceder - e não se trata de ser submisso, mas de ser sábio e perceber quando recuar. A parceria tornou-se um mero negócio – "enquanto eu receber lucros, estou dentro". A própria simbologia do casamento perdeu a magia. A aliança e os juramentos – “Na saúde e na doença, na alegria e na tristeza... Até que a morte nos separe” – não passam de rituais sem significado. Pelo menos para a maioria.
Não que os casais devam ficar eternamente juntos se a relação não dá certo. Realmente há casos em que o casamento é insustentável – os que nasceram em cima de uma mentira, os pautados no adultério e na falta de respeito, os violentos. Estes e alguns outros definitivamente precisam acabar.


Um novo juramento matrimonial deveria ser: “Prometo fazer todo o possível para manter nosso amor vivo.” Aqui não há uma única receita infalível. Além da admiração e da confiança já citadas em outro texto, o respeito é a base de qualquer relação. Se ele acabar, o amor acabou. Saber ceder e moldar-se um ao outro são essenciais. A conversa é muito importante para deixar sempre os pensamentos e sentimentos compreensíveis ao parceiro. Discussões esporádicas – sem faltar ao respeito: xingar e, pior, levantar a mão são pecados mortais – são saudáveis, porque podem mostrar que um ainda se importa com o outro. E quem não gosta da reconciliação? Dar espaço ao cônjuge e cada um manter a sua individualidade também são relevantes. Tudo isto e muito mais.
Se o casamento esfriar não se desespere, basta voltar ao primeiro amor. Talvez você pense: “Era tão bom na época que ele me fazia surpresas, quando íamos todas as sextas jantar fora, e ele me fazia massagens sempre que eu estava cansada”. Você quer voltar aos sentimentos do começo de relacionamento? Tenha as ações do começo de relacionamento! Se você quer que seu parceiro volte a ter certas atitudes, faça você o mesmo. Surpreenda-o com um jantar, como você costumava fazer. Prepare um banho de banheira como naquela noite tão especial. Enfim, mostre que você se importa, que ainda o ama e que não quer deixar tudo desmoronar. Mesmo que no começo suas ações não sejam retribuídas, uma hora a ficha dele/dela vai cair e as atitudes mudarão também.
É importante saber também que as pessoas mudam. Algumas mais, outras menos, para melhor ou para pior. Aqui não digo para se casar esperando que o outro mude. Não tenha essa esperança, como já foi dito. Mas as pessoas se transformam com o tempo, mesmo que em aspectos sutis, e é determinante reconhecer e aceitar essas transformações no companheiro. Da mesma forma que você estiver aceitando o “novo cônjuge”, ele estará aceitando o seu “novo eu”.


Não há coisa mais triste também do que casais que se ignoram. Pessoas que não vivem, apenas convivem. É preciso dedicação: dar seu tempo, sua atenção, seu carinho e seu ombro para o parceiro. Nicholas Sparks diz no livro “Querido John”: “... às vezes, nem mesmo amor e carinho são suficientes. Eles eram os tijolos de concreto do nosso relacionamento, mas também eram instáveis sem a argamassa do tempo compartilhado...” Assim como as plantas precisam ser regadas com água, o amor precisa ser regado com ações e sentimentos.
Mais importante do que ter a união reconhecida em papel, ou entrar em uma igreja de véu e grinalda, casar-se no coração é o principal. Criar uma verdadeira aliança entre o casal. Compromisso – esta é a palavra. E, por mais que o número de divórcios continue a crescer e casais que você admire comecem a se separar, não perca as esperanças. Você pode sempre ser a exceção à regra.
Ok. Como uma amiga diz, se a Fátima Bernardes e o William Bonner se separarem, pode desistir.

Observação: Elizabeth Gilbert, autora de "Comer Rezar Amar", escreveu a continuação da história em "Comprometida". Não li o livro, mas, pelo o que fiquei sabendo, ela estava desacreditada em relação à instituição matrimonial, então resolveu fazer uma pesquisa sobre o assunto para saber se ainda valia a pena casar-se. O resultado está nas páginas do livro.

Próximo post: Relacionamentos Gays

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